São Paulo, terça, 11 de novembro de 1997.



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O EFEITO NA ELEIÇÃO DE 98

O presidente assumiu o ônus de enfrentar a tormenta econômica com medidas amargas, apesar de incontornáveis e inadiáveis, o que deve levar o país a uma forte recessão.
Ainda é difícil precisar a eficácia do pacote. Mas, desde já, sabe-se que o cenário político não vai ficar imune aos reveses de uma política de estabilização que já não parece tão segura e aos efeitos do desaquecimento da economia. Essas turbulências, más novas eleitorais para FHC, se somam a difusas insatisfações em relação ao governo, as quais vêm sendo detectadas pelo menos desde setembro.
Segundo pesquisa Datafolha desse mês, FHC não venceria no primeiro turno; havia mais eleitores contentes com seu governo do que dispostos a dar-lhe o voto. Levantamento recente do Ibope para a CNI indica que o eleitorado formador de opinião, o das metrópoles e o da região mais rica do país gostariam de votar num outro candidato que não FHC, mas não dariam a vitória aos hoje pré-candidatos de oposição. Isto é, o candidato alternativo ainda não existiria.
Em seus últimos pronunciamentos, o presidente vinha deixando claro que percebera esse mal-estar e que a população queria algo mais que a estabilidade. FHC passou a falar em investimentos, sociais especialmente.
No entanto, a história correu mais rápido que a capacidade de o governo satisfazer reivindicações sociais ou outras. E as insatisfações deverão se acumular nesses próximos meses.
O início da crise já reabrira de vez a discussão da sucessão presidencial. Seu agravamento coloca em questão o nome de uma alternativa concreta a FHC. Por ora, o eleitor não dá mostras de que tenha um preferido. De resto, FHC ainda deve contar com o crédito de ter conduzido o país, pelo menos provisoriamente, ao alívio da moeda estável. Mas é inegável que o cenário dá margem para que propostas alternativas, viáveis ou não, sérias ou demagógicas, comecem a receber a atenção do eleitorado.





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