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O EFEITO NA ELEIÇÃO DE 98
O presidente assumiu o ônus de enfrentar a tormenta econômica com
medidas amargas, apesar de incontornáveis e inadiáveis, o que deve levar o país a uma forte recessão.
Ainda é difícil precisar a eficácia do
pacote. Mas, desde já, sabe-se que o
cenário político não vai ficar imune
aos reveses de uma política de estabilização que já não parece tão segura e
aos efeitos do desaquecimento da
economia. Essas turbulências, más
novas eleitorais para FHC, se somam
a difusas insatisfações em relação ao
governo, as quais vêm sendo detectadas pelo menos desde setembro.
Segundo pesquisa Datafolha desse
mês, FHC não venceria no primeiro
turno; havia mais eleitores contentes
com seu governo do que dispostos a
dar-lhe o voto. Levantamento recente
do Ibope para a CNI indica que o eleitorado formador de opinião, o das
metrópoles e o da região mais rica do
país gostariam de votar num outro
candidato que não FHC, mas não dariam a vitória aos hoje pré-candidatos de oposição. Isto é, o candidato
alternativo ainda não existiria.
Em seus últimos pronunciamentos,
o presidente vinha deixando claro
que percebera esse mal-estar e que a
população queria algo mais que a estabilidade. FHC passou a falar em investimentos, sociais especialmente.
No entanto, a história correu mais
rápido que a capacidade de o governo
satisfazer reivindicações sociais ou
outras. E as insatisfações deverão se
acumular nesses próximos meses.
O início da crise já reabrira de vez a
discussão da sucessão presidencial.
Seu agravamento coloca em questão
o nome de uma alternativa concreta a
FHC. Por ora, o eleitor não dá mostras de que tenha um preferido. De
resto, FHC ainda deve contar com o
crédito de ter conduzido o país, pelo
menos provisoriamente, ao alívio da
moeda estável. Mas é inegável que o
cenário dá margem para que propostas alternativas, viáveis ou não, sérias
ou demagógicas, comecem a receber
a atenção do eleitorado.
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