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CLÓVIS ROSSI
Insanidade
SÃO PAULO - O presidente venezuelano Hugo Chávez acaba de ultrapassar a fronteira entre a bufonaria de grande parte de suas declarações e gestos para entrar no
pantanoso território da insanidade
megalômana.
Chávez ousou ontem pedir que o
governo da Colômbia deixe de considerar as Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia) como "terroristas" para tratá-las (e,
de quebra, ao Exército de Libertação Nacional, outro grupo terrorista) como "insurgentes". Pior: afirmou que ambos os grupos têm um
"projeto político que é respeitado
na Venezuela".
Difícil é saber por onde começar
entre tanta insanidade. Primeiro, as
Farc, de fato, não são terroristas.
São delinqüentes. Ponto. Vivem do
narcotráfico e do pagamento de
resgates para libertar as pessoas
que seqüestram. Banditismo puro.
Se Chávez respeita esse "projeto", é
cúmplice de banditismo.
Mais: um grupo que retira uma
criança da mãe, como o fez com o filho de Clara Rojas, e faz com que seja entregue a um orfanato, com
leishmaniose e desnutrido, só pode
ser tratado como criminoso.
Ontem, aliás, uma das liberadas
anteontem, Consuelo González de
Perdomo, contou que, entre outras
barbaridades sofridas pelos reféns,
está a ausência de atenção médica.
Ela própria teve paludismo três vezes e leishmaniose duas.
A insanidade do presidente venezuelano vai ao ponto de estender o
pedido aos países da América Latina e à União Européia, que rotula as
Farc de grupo terrorista.
O despropósito é tão colossal que
força a dizer o óbvio: não cabe a
Chávez dizer quem é terrorista,
quem é bandido e quem é "insurgente" na Colômbia ou em qualquer outra parte.
Se Lula, que parece ter medo de
Chávez, não der um chega pra lá, o
próximo passo é o venezuelano exigir tratamento de insurgente também para o Comando Vermelho.
crossi@uol.com.br
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