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ELIANE CANTANHÊDE
Presentão de aniversário
BRASÍLIA - A prisão preventiva
do governador do Distrito Federal,
José Roberto Arruda, não foi decretada por causa da dinheirama em
meias, cuecas, bolsas, haras e mansões, mas, sim, por um outro erro
do réu: o suposto suborno do tal jornalista Edson Sombra, o que caracteriza obstrução de Justiça.
Arruda é campeão de ineditismos: o primeiro governador preso
na democracia; o único senador a
jurar pelos filhos em cima de uma
mentira; o que se cerca dos braços
direitos dos seus maiores inimigos;
e, enfim, o envolvido com a compra
de um jornalista, apesar de todas as
câmeras, gravações e delações.
Que sirva de exemplo para governadores, senadores, deputados e
candidatos em geral. E que sirva de
troféu para uma população exausta
com o festival de arbitrariedades e
de desvio do dinheiro público.
A prisão preventiva dependia da
decisão final do ministro Marco
Aurélio Melo, do Supremo Tribunal
Federal, sobre o pedido de habeas
corpus. Não importa. Poderia demorar só três horas, cinco horas,
dez horas, mas seu efeito ético e de
alerta já se irradiava pelo país.
Arruda, que jogou fora a imagem
de bom administrador pela ganância, arrogância e descaso pela ética,
pode estar abrindo uma lista de novas prisões -em Brasília, onde o governo ruiu e há até a expectativa de
intervenção federal. E no país, onde
corruptores e corruptos devem ficar com as barbas de molho.
O clima não era de tristeza, era de
festa. Entidades como a OAB (advogados), a AMB (magistrados) e a
ANPR (procuradores da República)
distribuíram notas elogiando o Superior Tribunal de Justiça pela decisão e projetando novos tempos,
com menos impunidade e mais rigor contra os poderosos.
A dois meses da festa pelo aniversário da "nova capital", agora uma
senhora cinquentona, a prisão do
governador foi recebida como um
tremendo presente: a lei, enfim, começa a valer para todos?
elianec@uol.com.br
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