São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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A recriação do escândalo

Como um pregador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou mais uma vez a negar a existência do mensalão, na festa de 31 anos do PT.
"Não houve campanha mais infame contra um partido do que a feita contra o PT em 2005", inflamou-se, secundado pelo ex-ministro José Dirceu, descrito na denúncia do procurador-geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal) como o "chefe da organização criminosa".
Revelado por esta Folha em junho de 2005, o mensalão, como se sabe, era um esquema de compra de apoio político de parlamentares e de financiamento irregular de campanhas eleitorais.
A indignação verbal de Lula tem alvo e propósito estratégicos. Está marcado para o segundo semestre deste ano o julgamento dos 38 réus do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal.
Em agosto de 2007, quando o STF acolheu a denúncia, o ministro Ricardo Lewandowski disse que seus colegas haviam votado "com a faca no pescoço", acuados pela opinião pública. "A tendência", afirmou em conversa ao telefone, testemunhada pela reportagem da Folha, "era amaciar para o Dirceu". Agora Lula ensaia "ataques preventivos" para pressionar pela absolvição dos acusados.
O petismo tem se movimentado com o intuito de, pouco a pouco, reabilitar os abatidos pelo episódio. Sobre o ex-tesoureiro Delúbio Soares, já se disse que não existe pena eterna -e tudo indica que ele será readmitido pela sigla. A iniciativa animou o ex-secretário-geral Silvio Pereira, que recebeu um automóvel de uma construtora amiga. Já Dirceu afirmou não contar com a prescrição dos crimes. "Confio na Justiça."
O julgamento será um marco na história recente. É de esperar que o STF consagre de uma vez por todas a verdade sobre o pior escândalo do governo Lula.


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