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MELCHIADES FILHO
Mamãe eu quero
BRASÍLIA - Ao puxar Dilma
Rousseff para o palanque, Lula finca pé no debate da sucessão. Impede que a oposição monopolize as especulações, defina o cenário e estrangule a decolagem do nome que
o governo vier a escolher.
A ministra da Casa Civil é dos
(poucos) assessores que nutrem carinho sincero pelo presidente e devotam obediência absoluta a ele.
Não chiará, nem teria como, se lhe
pedirem a "candidatura" de volta.
Além disso, oferece o álibi perfeito: gerencia o principal programa
do segundo mandato. Lula sempre
poderá citar o PAC para rebater
acusações de uso eleitoreiro da máquina. Seria difícil sustentar a máscara se optasse por Tarso Genro ou
Marta Suplicy ou referendasse já
um não-petista como Ciro Gomes.
A Dilma não custa nada o teatro
pré-eleitoral. Rodando o país, no
mínimo garante visibilidade ao pacote de obras. Rodando o país ao lado de Lula, ganha cacife político para enquadrar aliados menos submissos e fazer o PAC andar melhor.
O PT enfrenta neste ano duras
eleições municipais. Precisa tirar o
máximo da popularidade de Lula e
ampliar a aderência às realizações
dele. Por isso também aplaudiu a
novidade. Na semana passada, a
bancada jurou fidelidade ao PAC e
destacou um grupo para defender
os pleitos de Dilma na Câmara. Nenhuma das alas que se digladiam no
partido, cada uma com seu próprio
nome para 2010, deu um pio.
Dilma é bem capaz de ir longe.
Construiu imagem, justa ou não, de
boa administradora. Tem repertório para encarar uma campanha
que exigirá conteúdo técnico. Não
assusta o grande capital nacional
-pelo contrário, na Casa Civil foi
ouvinte atenta e aliada valiosa dele.
Seu ponto fraco, a cintura dura, vira
ponto forte na propaganda: "a candidata que não transige com a incompetência e o fisiologismo". Mas
pouco disso, se é que algo disso, importou até aqui. Por ora, a "mãe do
PAC" é um projeto de curto prazo,
para ocupar espaços.
mfilho@folhasp.com.br
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