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Editoriais
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Autoridade sob suspeita
O governador Geraldo Alckmin
(PSDB) encontra-se na incômoda
posição de ter de demonstrar que
detém de fato controle sobre o
aparelho policial do Estado.
No espaço de três semanas,
houve uma sequência de episódios comprometedores envolvendo a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Civil. Ela indica
que há um grave conflito interno
entre grupos policiais.
Primeiro foi a divulgação de um
vídeo em que uma escrivã suspeita de corrupção sofreu revista íntima forçada por agentes da Corregedoria. O caso chegou a ser arquivado. Após a divulgação das
imagens aterradoras, contudo, a
delegada Marina Inês Trefiglio Valente acabou exonerada do posto
de corregedora-geral.
Depois disso houve a revelação,
por esta Folha, de que o sociólogo
Túlio Kahn, coordenador de estatísticas da secretaria, era sócio de
uma empresa que tinha acesso e
comercializava dados criminais
sonegados à imprensa e ao público. O coordenador também perdeu o cargo.
Para culminar a sucessão de escândalos, vêm agora à tona indícios veementes de que o próprio
secretário da Segurança, Antonio
Ferreira Pinto, foi posto sob vigilância policial. O secretário foi fotografado num centro de compras
da capital, onde se encontrava
com um repórter da Folha.
Imagens do circuito interno de
TV do estabelecimento teriam sido solicitadas por "policiais", na
versão do Shopping Pátio Higienópolis. O governador negou que
se tratasse de investigação oficial.
Tanto pior: quando delegados se
sentem autorizados a espionar por
conta própria dirigentes no topo
da hierarquia policial, esfacela-se
a cadeia de comando.
O pano de fundo das movimentações está na nomeação de Ferreira Pinto como secretário, no governo José Serra (PSDB). Mantido
por Alckmin, Ferreira Pinto se notabilizou por colocar a Corregedoria sob sua alçada imediata e deslanchar investigações sobre cerca
de um quarto dos 3.300 delegados
na ativa em São Paulo.
Qualquer que seja a solução a
ser dada para a crise, espera-se do
governador um sinal claro de que
não sairão vitoriosos os descontentes com tais investigações e de
que sua administração não tolera
a ação de maus policiais.
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