São Paulo, sábado, 12 de março de 2011

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Editoriais

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Autoridade sob suspeita

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) encontra-se na incômoda posição de ter de demonstrar que detém de fato controle sobre o aparelho policial do Estado.
No espaço de três semanas, houve uma sequência de episódios comprometedores envolvendo a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Civil. Ela indica que há um grave conflito interno entre grupos policiais.
Primeiro foi a divulgação de um vídeo em que uma escrivã suspeita de corrupção sofreu revista íntima forçada por agentes da Corregedoria. O caso chegou a ser arquivado. Após a divulgação das imagens aterradoras, contudo, a delegada Marina Inês Trefiglio Valente acabou exonerada do posto de corregedora-geral.
Depois disso houve a revelação, por esta Folha, de que o sociólogo Túlio Kahn, coordenador de estatísticas da secretaria, era sócio de uma empresa que tinha acesso e comercializava dados criminais sonegados à imprensa e ao público. O coordenador também perdeu o cargo.
Para culminar a sucessão de escândalos, vêm agora à tona indícios veementes de que o próprio secretário da Segurança, Antonio Ferreira Pinto, foi posto sob vigilância policial. O secretário foi fotografado num centro de compras da capital, onde se encontrava com um repórter da Folha.
Imagens do circuito interno de TV do estabelecimento teriam sido solicitadas por "policiais", na versão do Shopping Pátio Higienópolis. O governador negou que se tratasse de investigação oficial. Tanto pior: quando delegados se sentem autorizados a espionar por conta própria dirigentes no topo da hierarquia policial, esfacela-se a cadeia de comando.
O pano de fundo das movimentações está na nomeação de Ferreira Pinto como secretário, no governo José Serra (PSDB). Mantido por Alckmin, Ferreira Pinto se notabilizou por colocar a Corregedoria sob sua alçada imediata e deslanchar investigações sobre cerca de um quarto dos 3.300 delegados na ativa em São Paulo.
Qualquer que seja a solução a ser dada para a crise, espera-se do governador um sinal claro de que não sairão vitoriosos os descontentes com tais investigações e de que sua administração não tolera a ação de maus policiais.


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