|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
APRIMORAR O MODELO
Por mais eficaz que chegue a
ser, o programa Bolsa-Família
será insuficiente para retirar seus beneficiários da situação de pobreza
em que se encontram. O diagnóstico, que não é novo, foi reforçado em
entrevista a esta Folha, publicada anteontem, por Ricardo Paes de Barros,
pesquisador do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada).
O problema não reside em atender
aos mais carentes com programas
compensatórios. Mas é claro que
não é possível propiciar uma melhora duradoura de sua condição de vida
apenas através de modestas compensações financeiras do Estado.
O desejável seria que o governo federal articulasse, com sinergia, o
Bolsa-Família a seus 150 outros programas sociais. Com algum esforço,
seria possível incluir cada beneficiário em outros programas que lhe pudessem propiciar mais chances de se
emancipar e de, assim, abrir mão, no
futuro, da renda estatal.
Alguns meios para atingir esse fim
já existem. O cadastro geral de beneficiários contém informações sobre
trabalho, saúde, renda e moradia dos
atendidos e poderia servir de base para a integração entre os programas.
Mas o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva prefere centrar fogo na expansão de um único programa. Com
a eleição que se avizinha -e as pesquisas confirmando a superposição
estatística entre beneficiários do Bolsa-Família e a intenção de voto no petista-, essa tendência será reforçada. O objetivo é alardear o atendimento de 11,2 milhões de famílias.
Além de ampliar o escopo de beneficiários do Bolsa-Família, o governo
anunciou o aumento de R$ 95 para
R$ 107 (12,6%) do estipêndio máximo mensal por família, a um custo
extra de R$ 300 milhões.
É de lamentar que energia semelhante à despendida por Lula na expansão de seu programa-vedete não
venha sendo empregada na racionalização da rede de proteção social do
Estado. Dessa rearticulação depende
a construção de meios para que as
pessoas rompam o ciclo da pobreza.
Texto Anterior: Editoriais: DE VOLTA AO PÂNTANO Próximo Texto: Editoriais: RISCO DE IMPASSE Índice
|