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POLÍTICA PASSIVA
Ao que consta, está em gestação, no núcleo do governo de
Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto de
política industrial da nova gestão.
Enquanto as discussões seguem nos
bastidores, uma outra agenda de política "industrial" vai sendo imposta
ao governo pelos desajustes da economia brasileira. E se trata, basicamente, de uma agenda passiva.
Por mais que os governistas insistam na tese de que os desarranjos foram herdados da gestão anterior, isso não os redime da responsabilidade de ter de resolver esses problemas.
Um caso notório é o da virtual estatização da empresa aérea que surgirá
da fusão entre Varig e TAM. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, já declarou que o governo não admitiria
um colapso que deixasse o país sem
uma empresa de aviação civil. Mas,
mesmo que a orientação fosse outra
-ou seja, a de deixar que o mercado
encontrasse uma solução para o impasse-, o governo estaria imiscuído
no problema. Bancos e empresas públicas são credores dessas empresas
e teriam grandes prejuízos se elas,
por exemplo, fossem à falência.
Outro caso que impõe uma política
"industrial" passiva ao governo é o
do setor elétrico, cujo exemplo mais
expressivo talvez seja o da empresa
AES, controladora da Eletropaulo e
inadimplente perante o mesmo
BNDES. Nesse setor, deixar que uma
solução de mercado se encarregue de
resolver os desajustes significaria
ameaçar de descontinuidade o abastecimento de energia elétrica, com
consequências potenciais desastrosas para o país.
O risco maior dessa situação em
que o governo não escolhe as demandas por ajuda que tem de atender é o de perder cacife financeiro e
político para levar adiante projetos
ativos na área industrial. O desdobramento desses casos recentes ajudará a estimar a que ponto foi comprometida a capacidade do governo
de intervir no sentido de acelerar investimentos estratégicos para que o
país supere debilidades estruturais
ao crescimento sustentado.
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