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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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POLÍTICA PASSIVA

Ao que consta, está em gestação, no núcleo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto de política industrial da nova gestão. Enquanto as discussões seguem nos bastidores, uma outra agenda de política "industrial" vai sendo imposta ao governo pelos desajustes da economia brasileira. E se trata, basicamente, de uma agenda passiva.
Por mais que os governistas insistam na tese de que os desarranjos foram herdados da gestão anterior, isso não os redime da responsabilidade de ter de resolver esses problemas.
Um caso notório é o da virtual estatização da empresa aérea que surgirá da fusão entre Varig e TAM. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, já declarou que o governo não admitiria um colapso que deixasse o país sem uma empresa de aviação civil. Mas, mesmo que a orientação fosse outra -ou seja, a de deixar que o mercado encontrasse uma solução para o impasse-, o governo estaria imiscuído no problema. Bancos e empresas públicas são credores dessas empresas e teriam grandes prejuízos se elas, por exemplo, fossem à falência.
Outro caso que impõe uma política "industrial" passiva ao governo é o do setor elétrico, cujo exemplo mais expressivo talvez seja o da empresa AES, controladora da Eletropaulo e inadimplente perante o mesmo BNDES. Nesse setor, deixar que uma solução de mercado se encarregue de resolver os desajustes significaria ameaçar de descontinuidade o abastecimento de energia elétrica, com consequências potenciais desastrosas para o país.
O risco maior dessa situação em que o governo não escolhe as demandas por ajuda que tem de atender é o de perder cacife financeiro e político para levar adiante projetos ativos na área industrial. O desdobramento desses casos recentes ajudará a estimar a que ponto foi comprometida a capacidade do governo de intervir no sentido de acelerar investimentos estratégicos para que o país supere debilidades estruturais ao crescimento sustentado.


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