São Paulo, sábado, 12 de maio de 2007

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A barbárie, um ano depois

HÁ UM ANO, o crime organizado lançou seu mais violento ataque às forças de segurança em São Paulo. Em oito dias, deixou um rastro de 373 atentados e 140 mortos no Estado, entre agentes de segurança, civis e pessoas apontadas pelo governo como criminosos. A perplexidade tomou conta do país. A onda de atentados alarmou milhões de habitantes de sua maior cidade.
A dimensão dos fatos ocorridos em maio de 2006 contrasta com os tímidos avanços obtidos na punição dos responsáveis. Um único dado basta para demonstrar a inépcia dos órgãos de segurança e do Judiciário diante dos fatos: passados 12 meses dos atentados, foram apresentadas até agora apenas oito denúncias por homicídio.
Outro aspecto suspeito é a desproporção entre o perfil das vítimas. Dos 140 mortos entre 12 e 19 de maio de 2006, 43 integravam as forças de segurança, 5 eram civis e 92 foram apontados como criminosos pela polícia. Mas, das oito denúncias, sete dizem respeito a crimes cometidos contra policiais.
Em relação à origem dos ataques, o principal avanço é o maior controle do Estado sobre os líderes da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que ordenou os atentados de maio de 2006.
A política do governo do Estado parece ter surtido resultados, pois a quadrilha não tem conseguido realizar novos ataques. Depois dos crimes de maio, a facção voltou a perpetrar atentados em julho e em agosto.
A maioria dos chefetes -cerca de 600- encontra-se agora na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, de segurança máxima. A transferência de líderes da facção para essa unidade foi o estopim da violência registrada há um ano.
Apesar do avanços registrados no combate à criminalidade, o fato é que o PCC sobrevive e mantém poder considerável, dentro e fora das prisões. A quadrilha foi contida, mas não desbaratada.


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