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A barbárie, um ano depois
HÁ UM ANO, o crime organizado lançou seu mais violento ataque às forças de
segurança em São Paulo. Em oito
dias, deixou um rastro de 373
atentados e 140 mortos no Estado, entre agentes de segurança,
civis e pessoas apontadas pelo
governo como criminosos. A
perplexidade tomou conta do
país. A onda de atentados alarmou milhões de habitantes de
sua maior cidade.
A dimensão dos fatos ocorridos em maio de 2006 contrasta
com os tímidos avanços obtidos
na punição dos responsáveis.
Um único dado basta para demonstrar a inépcia dos órgãos de
segurança e do Judiciário diante
dos fatos: passados 12 meses dos
atentados, foram apresentadas
até agora apenas oito denúncias
por homicídio.
Outro aspecto suspeito é a desproporção entre o perfil das vítimas. Dos 140 mortos entre 12 e
19 de maio de 2006, 43 integravam as forças de segurança, 5
eram civis e 92 foram apontados
como criminosos pela polícia.
Mas, das oito denúncias, sete dizem respeito a crimes cometidos
contra policiais.
Em relação à origem dos ataques, o principal avanço é o
maior controle do Estado sobre
os líderes da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que ordenou os
atentados de maio de 2006.
A política do governo do Estado parece ter surtido resultados,
pois a quadrilha não tem conseguido realizar novos ataques.
Depois dos crimes de maio, a facção voltou a perpetrar atentados
em julho e em agosto.
A maioria dos chefetes -cerca
de 600- encontra-se agora na
Penitenciária 2 de Presidente
Venceslau, de segurança máxima. A transferência de líderes da
facção para essa unidade foi o estopim da violência registrada há
um ano.
Apesar do avanços registrados
no combate à criminalidade, o
fato é que o PCC sobrevive e
mantém poder considerável,
dentro e fora das prisões. A quadrilha foi contida, mas não desbaratada.
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