São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2011

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RICARDO MELO

Procura-se um prefeito

SÃO PAULO - Gilberto Kassab, o personagem que ocupa a Prefeitura de São Paulo, não foi nem um pouco original ao transformar conselhos de companhias públicas em cabides de emprego.
Tanto faz a esfera -federal, estadual, municipal- e o partido, a prática é disseminada. Todas as legendas com algum poder usam esses postos para acomodar apaniguados. Mas sempre que descalabros parecidos surgem no noticiário, dá vontade de posar de cínico e cobrar as atas das reuniões em que tais personalidades participaram.
Quem não tem curiosidade de saber, por exemplo, a opinião do ex-senador Marco Maciel, de Pernambuco, sobre os congestionamentos, semáforos (inteligentes ou não), alternativas viárias e soluções para o trânsito caótico de São Paulo? Afinal de contas, ele é conselheiro da CET, além de ter assento na SPTuris (de turismo, quem sabe, ele possa mesmo dar palpites). Feitas as contas, a brincadeira sai por R$ 12 mil ao mês pela presença em duas extenuantes reuniões a cada 30 dias.
Também seria muito interessante conhecer a valorosa contribuição do ex-deputado Raul Jungmann. Assim como Maciel, Jungmann foi rejeitado pelas urnas. Faltaram votos, sobraram os amigos.
Eis que se descobre que o especialista em questões fundiárias tem uma queda pela informática. Prodam nele. Ora, o que são R$ 6.000 mensais a mais ou a menos para o contribuinte paulistano?
O novo trem da alegria reflete costumes políticos tão arraigados quanto condenáveis. No caso de São Paulo, até mais que isso.
Nos atos e fatos, Kassab já avisou que a prefeitura virou um balcão de negócios a serviço da criação de um partido. Visto por tal ângulo, não é de espantar que ele faça pouco da cidade quando brinca de autorama na marginal Tietê, incha o secretariado, nomeia um assessor seis vezes condenado e assiste à incineração de carroceiros. E ainda falta mais de um ano de mandato.


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