São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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SERGIO COSTA

Plasma eleitoral

RIO DE JANEIRO - Ponto positivo na ressaca do Mundial: Lula tem evitado as metáforas futebolísticas. Pelo menos por algum tempo, nos dará sossego aos ouvidos.
Pode ser, como diziam os especialistas, que vitória ou derrota do Brasil tivessem mesmo influência zero nas urnas para oposição e governo. Mas, como mesmo quem não acredita em bruxas sabe que elas existem, o presidente tomou cuidados. Se antes buscava colar sua imagem à do Brasil favorito com entrevista, as tais metáforas nos discursos e até uma teleconferência com Parreira e turma -o que lhe rendeu uma cabeçada de Ronaldo no fígado-, no pós-Zidane Lula manteve prudente distância do Brasil eliminado.
Ponto negativo: os joguinhos do meio-dia, mesmo chochos, darão lugar ao blablablá dos candidatos em desfile. Quem comprou TV de plasma deve estar analisando a relação custo-benefício da "criatura" -haja DVD para encher a telona. Saudades de Ucrânia x Tunísia...
Ao menos ninguém mais precisará assistir ao Lula com a camisa da seleção ou à vibração contagiante de Geraldo Alckmin nos gols do Brasil. De agora em diante, a não ser que haja alguma reviravolta, anunciam-se novas disputas sem grandes emoções: Lula navega no favoritismo calcado em números econômicos positivos, Aécio Neves parece imbatível em Minas e José Serra, pelo que indicam as pesquisas, não terá maiores sustos em São Paulo. Os dois tucanos espicham o olho para 2010.
Dos maiores colégios, resta o Rio. Sem ambições ou atores no cenário nacional, a disputa por aqui tende a esquentar com horário gratuito e debates. A oposição promete gastar munição contra o favorito Sérgio Cabral Filho (PMDB). Como, historicamente, ele prefere evitar confrontos, é capaz de embolar. A conferir nessa volta ao mundo real.


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