São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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CLÓVIS ROSSI

Corrupção. Como nunca?

SÃO PAULO - Se desse às notícias que não lhe agradam a mesma atenção que concede à autolouvação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia dizer que "nunca neste país" o nível de corrupção andou tão elevado.
Nunca é um exagero, vá lá. Mas, pelo menos de 1966 para cá, a coisa piorou uma barbaridade, aponta o Banco Mundial. É claro que, como de hábito, países mal avaliados chiam e acusam o banco de falta de autoridade moral para falar em corrupção, na medida em que teve um presidente, Paul Wolfowitz, afastado recentemente por conta de um caso de corrupção.
A chiadeira é livre, mas suponho que um ou outro leitor conhecerá, com certeza, um presidente de instituição (o Senado) que, acuado por suspeitas muito graves e explicações muito tacanhas, não renunciou ao cargo. Ao contrário, aferra-se a ele e ainda faz pronunciamentos cada vez mais ridículos. Não por acaso, esse presidente é de um país chamado Brasil, em que os diferentes itens que medem a qualidade da governança sofreram deterioração, de acordo com o Instituto do Banco Mundial, responsável pela pesquisa.
Só falta agora vir um dos debilóides da teoria da conspiração para dizer que tudo não passa de uma trama sinistra do imperialismo norte-americano para abalar o governo popular, democrático e quase socialista de Lula. Essas teorias, aliás, deveriam entrar nos estudos do Banco Mundial como mais uma demonstração da degradação política do país, em que o raciocínio foi substituído, em algumas esquinas do poder e em muitos de seus áulicos, pela indigência mental mais absoluta.
Mas eu até entendo essa gente. Deve ser muito difícil passar a vida fingindo-se de os únicos honestos do planeta apenas para que, no auge de seu reinado, alguém se atreva a descobrir e a dizer que há muito de podre nele.

crossi@uol.com.br


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