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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Pedágio na Cultura
SÃO PAULO - Começou mal, muito
mal, a gestão de João Sayad à frente
da TV Cultura de São Paulo.
Na quarta-feira da última semana, confeccionava-se, para o jornal
noturno da emissora, uma reportagem sobre os pedágios paulistas,
aos quais o próprio candidato tucano ao governo, Geraldo Alckmin,
havia feito reparos. No início da
noite, o diretor de jornalismo da TV
Cultura, Gabriel Priolli, foi chamado à sala de Fernando Vieira de Mello, vice-presidente de conteúdo.
Ali ouviu a bronca: a TV não poderia se ocupar de assunto tão delicado sem o seu conhecimento prévio. Vieira de Mello ecoava um protesto que tinha origem em algum
escaninho da burocracia tucana.
A reportagem não foi ao ar naquela noite. E Priolli foi afastado de
suas funções na tarde de quinta-feira. Durou uma semana no cargo.
Consta que a reportagem sobre
os pedágios foi exibida na noite de
sexta, feriadão de 9 de julho. E alega-se que foi derrubada na antevéspera porque estava "mal feita".
Ninguém deve ter visto o resultado
final. Como quase ninguém teria
visto se fosse exibida na quarta.
A verdade é que a Cultura é uma
TV mais lida do que assistida. Os
próprios conselheiros da Fundação
Padre Anchieta acompanham a
emissora pela imprensa.
A saída de Heródoto Barbeiro do
"Roda Viva" nada tem a ver com a
pergunta que ele fez no programa a
José Serra uma semana antes -justamente sobre pedágios. A sua
substituição por Marília Gabriela já
estava acertada pela direção. Mas,
ao enviar Priolli para a Sibéria, os
tucanos conseguiram transformar
uma mentira em algo verossímil.
O episódio escancara a ingerência política do tucanato na TV pública de São Paulo. Quando uma reportagem sobre pedágios vira questão de Estado, então é melhor fechar o departamento de jornalismo
e exibir "Cocoricó", onde ao menos
as crianças são levadas a sério.
Descanso até a próxima segunda. Boa semana a todos.
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