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DEPOIS DO DISCOVERY
Como previsto , o Discovery
fez um pouso seguro na Califórnia. Essa foi a 114ª missão com
um ônibus espacial, a primeira desde
o acidente com o Columbia, que, em
2003, se desintegrou quando reentrava na atmosfera terrestre, matando os sete tripulantes a bordo.
Apesar do sucesso, o último vôo
não transcorreu sem apreensões. Na
decolagem, ao menos quatro pedaços da espuma utilizada como isolamento térmico do tanque de combustível se soltaram e poderiam ter
atingido a nave. O impacto não aconteceu, mas houve risco de repetir-se o
problema que causou o desastre com
o Columbia. O Discovery foi esquadrinhado por câmaras em terra, no
ar e no espaço, e astronautas foram
capazes até de fazer alguns reparos.
Escolada pela tragédia com a Columbia, a Nasa tornou ainda mais rígidos os seus já severos critérios de
segurança. Essa foi a missão mais
cuidadosamente monitorada da história espacial -o que ajudou a transmitir para o público a falsa sensação
de que o último vôo esteve sob ameaça. Na verdade, os problemas constatados no espaço ocorriam também
nas viagens anteriores, mas só eram
percebidos quando as naves eram
inspecionadas em terra após a volta.
As próximas missões estão suspensas até que os engenheiros resolvam definitivamente o problema da
espuma -se é que isso será possível;
para muitos, a dificuldade é inerente
ao desenho dos ônibus espaciais.
Assim, o vôo do Discovery, apesar
de seu sucesso, apenas reforçou a necessidade de aposentar a frota de
ônibus espaciais e substituí-los pelos
CEV, ainda em fase de projeto. Os
CEV, concebidos para levar o homem de novo à Lua, abandonam o
conceito de veículos plenamente reutilizáveis e retornam a algo mais próximo do modelo da Apollo, lançada
por foguetes convencionais.
O grande dilema da Nasa é que os
CEV ainda estão na prancheta e os
vôos espaciais precisam continuar,
sob pena de comprometer a construção da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla inglesa). Apenas os
ônibus são capazes de levar até a estação seus diversos módulos, que
vão sendo construídos pelos países
participantes do programa.
Jubilar precocemente os ônibus
implicaria paralisar a ISS por uma
década e ainda ficar com a responsabilidade de comprometer a primeira
grande iniciativa internacional no espaço -um preço que nem a Nasa
nem os EUA estão dispostos a pagar.
Como se calcula que sejam necessários de 15 a 20 novos vôos até que a
ISS fique pronta, tudo indica que as
missões continuarão.
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