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CARLOS HEITOR CONY
Magistrado
RIO DE JANEIRO - Absoluta legalidade, mas discutível oportunidade.
Espera-se de um presidente da República, entre outras qualidades
necessárias, que ele seja realmente
o primeiro magistrado da nação,
com tudo o que implica a noção de
um magistrado, ou seja, equidistância nas disputas internas e a
consciência de que é presidente em
igualdade de condições para todos
os cidadãos do país.
Acontece que os presidentes,
quando não podem continuar no
poder por dispositivo constitucional ou por esvaziamento político,
assumem como ponto de honra a
obrigação de fazer o sucessor.
Em alguns casos engolem os
seus sapos, como Juscelino Kubitschek engoliu a candidatura do marechal Lott e perdeu para Jânio
Quadros. O próprio FHC não conseguiu emplacar o seu correligionário
e passou a faixa presidencial para
Lula. Coisas.
Não se pode negar a um político,
mesmo na condição de presidente,
o direito de ter o seu partido, o seu
candidato, o interesse na continuação administrativa de seu governo.
Seria esse o caso de Lula. Como petista categorizado, apoiaria a companheira de partido e de governo.
Acontece que o apoio de Lula a Dilma transcendeu ao simples apoio
político e passou a ser eminentemente eleitoral.
Inclusive entrando nas brigas e
nas fofocas da campanha. Com sua
retumbante taxa de aprovação popular, ele se sente à vontade para,
nos palanques e na televisão, na
condição de simples cidadão, não
apenas exaltar as qualidades de
sua candidata mas entrar na briga
de foice da campanha, como se fosse um cabo eleitoral sem outro compromisso que não o da vitória acima de tudo.
Acho que ganhará mais uma vez
a disputa em que se meteu. Mas estranho e lamento sua intervenção
espalhafatosa na atual campanha
eleitoral.
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