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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
A nova geração
Repercute ainda em milhões de
jovens a Festa da Paz, realizada na
cidade de Turim, na Itália, em 5/10. Espetáculo de rara beleza, foi o encontro de mais de 30 mil rapazes e moças de várias nações, irmanados pelo anseio comum da paz. Tudo era motivado pela
vontade de construir um mundo na
verdadeira paz. Durante o dia, foi distribuída como única comida uma pequena porção de arroz frio para entrar
em união com os países pobres que
não dispõem de suficiente alimento,
água e energia. Impressionava contemplar essa juventude, que refletia
sobre a situação mundial, usava a palavra com discernimento e, em perfeita harmonia, cantava alegre e feliz,
projetando um futuro diferente, sem
injustiça nem violência. Nas grandes
telas, projetaram-se dezenas de cenas
deste mundo que não se podem aceitar e de um sistema de vida desumano,
que precisa ser mudado. Não é aceitável, com efeito, que a "Justiça seja dura
com os fracos e omissa com os fortes".
Nem é admissível que a economia e a
tecnologia tornem os ricos mais ricos
e os pobres mais pobres, privando bilhões de pessoas do uso da terra e da
água e da possibilidade de trabalho.
Com a intenção de assumir com responsabilidade os deveres diante da
dignidade da pessoa humana, os jovens elaboraram uma ampla proposta, que contém pontos básicos para a
cultura da paz -que torne a terra acolhedora para todos. O texto abre um
apelo à juventude do mundo inteiro:
"Que os jovens de todas as culturas e
crenças se unam e percorram com
paixão o caminho que conduz ao bem
de cada pessoa, que saibam pedir perdão e corrigir-se sempre que a busca
de riqueza, poder e comodismo ofuscar o amor ao próximo". Não é possível ficar indiferente diante da fome
que mata. Será preciso, portanto, que
se preparem para assumir as responsabilidades políticas e administrativas
-em espírito de serviço e dando prioridade à promoção dos mais pobres.
Os jovens dirigiram-se aos que hoje
exercem a autoridade governamental.
Estavam presentes na praça central de
Turim centenas de políticos, estadistas e membros das Câmaras Municipais. As expectativas recolhidas durante meses entre os grupos de jovens
foram entregues por escrito às autoridades. Insistiam em opor-se às guerras e ao terrorismo, propondo a educação para a paz na busca contínua de
alternativas não-violentas para os
conflitos. "Acolha-se todo estrangeiro
com igualdade de direitos e deveres.
Assegurem-se a todos as condições
dignas de vida, a começar pela oportunidade de trabalho. Os meios de comunicação se comprometam em promover a esperança de convivência pacífica entre os povos."
No atual contexto mundial, é urgente o entendimento fraterno entre os israelitas e cristãos, conforme a palavra
do Papa João Paulo 2º: "Nem atentados, nem muros, nem represálias poderão conduzir a uma solução equitativa do conflito"(11/8/2002). Requer-se da nova geração um amor autêntico
para edificar entre os homens a "cidade de Deus", promovendo a justiça e a
solidariedade ("Aos jovens", em Toronto, 27/7/02). Quando alguém morre de fome, de violência ou de abandono, é porque falta o amor de Deus no
coração humano.
O período das eleições no Brasil desperta ainda mais em nosso povo a esperança de uma sociedade justa em
que todos tenham acesso a condições
dignas de vida. No dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil,
confiamos a ela a nossa pátria, procurando, também nós, acolher a mensagem dos jovens em Turim para que
haja justiça e paz social. No Brasil, é
preciso, à luz do Evangelho, não ter
medo de amar e de aprender, como irmãos, a partilhar os bens.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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