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CLÓVIS ROSSI
O dinheiro que anda
SÃO PAULO - Não foi à toa que
Luiz Inácio Lula da Silva ameaçou
abandonar o debate de domingo na
Band, segundo o mediador, Ricardo
Boechat. A questão do dinheiro para a compra do dossiê contra tucanos é um tormento permanente para o presidente. E só aumenta à medida que o pessoal fala.
Agora, Gedimar Passos, um dos
detidos com R$ 1,7 milhão, confirma que foi contratado pelo PT para
"análise e perícia de documentos".
Leia-se: preparar eventuais armações na eleição.
Mas diz que a operação dossiê
não envolveria dinheiro. Não obstante, apareceu a pilha toda no hotel em que estava e ele a recolheu
integralmente, sob doce constrangimento, suponho.
Antes, Hamilton Lacerda, homem de confiança de Aloizio Mercadante, contou que de fato aparecera com uma pasta no hotel, mas
que ela não continha dinheiro e,
sim, "material de campanha".
O "material de campanha" nunca
foi encontrado. O dinheiro, sim, todinho, nota por nota.
Falta agora surgir alguém para dizer que o dinheiro caminhou sozinho até o hotel onde foi apreendido,
coisa que "nunca havia ocorrido antes neste país", como tantíssimas
outras coisas que só o governo Lula
acha que produziu.
De quebra, surgem indicações da
CPI e da Polícia Federal de que o dinheiro poderia ter saído de bingos,
casas lotéricas ou do jogo do bicho
-ou do conjunto da obra.
Se confirmados os indícios, fecha-se o círculo dos escândalos na
gestão do lulo-petismo: o primeiro
grande foi o caso Waldomiro Diniz,
flagrado justamente quando tentava praticar extorsão contra Carlinhos Cachoeira, empresário (vá lá o
termo) do ramo de jogos.
Diniz era um dos operadores da
Casa Civil no tempo em que José
Dirceu a chefiava.
Não é, pois, um escândalo isolado
do outro, mas "serial scandals", um
encadeado no outro.
crossi@uol.com.br
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