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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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O EMPREGO AMERICANO

A retomada do crescimento da economia norte-americana vinha ocorrendo nos últimos meses sem geração de empregos ("jobless recovery") ou com perdas de vagas. Desde 2001, o mercado de trabalho viu-se encolhido em mais de 2,5 milhões de vagas, com impactos adversos nos níveis salariais.
Há várias hipóteses para explicar essa situação. Em primeiro lugar, as empresas introduziram inovações tecnológicas durante o ciclo expansivo dos anos 90, permitindo elevar a produção com menos trabalhadores. Em segundo lugar, as corporações deslocaram total ou parcialmente cadeias de produção de bens e serviços para países com menores salários, sobretudo China e Índia. Em terceiro lugar, no movimento inicial da recuperação as empresas passaram a utilizar a capacidade produtiva ociosa e os trabalhadores disponíveis, postergando novas contratações e investimentos.
De acordo com o Departamento de Trabalho dos EUA, a taxa de desemprego declinou levemente, passando de 6,1% em setembro para 6% em outubro. Os dados revelam também que houve criação de vagas pelo terceiro mês consecutivo. Observe-se, no entanto, que elas se concentraram no setor de serviços. Na indústria manufatureira, o nível de emprego persistiu em queda pelo 39º mês, embora se tenha verificado uma desaceleração nas demissões.
Os sinais de melhoria do mercado de trabalho, portanto, embora auspiciosos, ainda são bastante modestos. As incertezas sobre uma retomada consistente das contratações permanecem, tanto quanto as dúvidas acerca da sustentabilidade de uma recuperação fortemente induzida por estímulos fiscais e baixíssima taxa de juros. O comportamento do desemprego merece ser acompanhado de perto nos próximos meses. Ele dirá muito a respeito do perfil e do fôlego do atual reaquecimento econômico norte-americano.


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