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CARLOS HEITOR CONY
Os anéis e os dedos
RIO DE JANEIRO - Leio nas folhas que, em 2025, São Paulo será a
maior cidade do mundo. Não entendo muito desse tipo de previsão,
mas acho que a cidade já é a terceira
ou quarta e tem justamente em seu
gigantismo a base maior de seus
problemas -o trânsito em primeiro
lugar, as enchentes em segundo.
Não é apenas a população nativa
que sofre com os problemas urbanos da chamada Pauliceia Desvairada. Os que precisam ir a São Paulo
tratar de trabalho ou da saúde também sofrem com o trânsito, que até
agora parece não ter uma solução
prevista. Andei recentemente pelas
grandes cidades do Japão e da China e reparei que a solução para o
trânsito foram os viadutos, em alguns casos, de viaduto em cima
de viadutos, formando nas regiões
centrais três andares de vias
expressas.
Seria, mal comparando, fazer
mais dois viadutos em cima do Minhocão, com acessos e saídas para
as zonas que ficariam fora do eixo
principal do tráfego. Na minha ignorância generalizada, acho que a
solução enfeia demasiadamente a
paisagem. Mas São Paulo não é conhecida nem louvada pelos seus encantos urbanos, como o Rio.
Já tive um pesadelo, sonhando
que abri a minha varanda e dei com
um viaduto em cima da Lagoa, ligando o trânsito do túnel Rebouças
(zona norte do Rio) com os túneis
que seguem em direção à Barra.
Não sei não, mas haverá um ponto de não retorno em que o viaduto
ou outro recurso acabrunhante
qualquer será necessário para evitar a progressão geométrica do tráfego. Vão-se os anéis e salvam-se os
dedos -a sabedoria pessoal será estendida à sabedoria das grandes
metrópoles.
A solução do metrô é uma ideia
que vem do final do século 19 e,
embora caríssima, não resolverá os
problemas da maior cidade do
mundo.
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