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O PRETEXTO QUE FALTA
Os EUA seguem em busca de
um pretexto para atacar o Iraque. Como que a frustrar os planos
do presidente George W. Bush, Bagdá parece estar de fato colaborando
com os inspetores de armas da ONU
e cumprindo o cronograma de exigências determinado pelo Conselho
de Segurança (CS). Na semana passada, entregou à ONU quase 12 mil
páginas que compõem uma declaração detalhada de seus programas de
desenvolvimento de armas.
Segundo analistas, é no meio dessa
papelada que os EUA esperam encontrar uma discrepância que possa
ser utilizada como desculpa para a
ação militar. A Casa Branca parece
ansiosa para comparar a declaração
iraquiana com as informações de inteligência de que dispõe e achar alguma inconsistência. Para fazê-lo, manobrou a ONU para mudar as regras
e receber, junto com os outros quatro
membros permanentes do CS, o relatório de armas em primeira mão.
Anteriormente, havia sido acertado
que todos os países membros do CS
receberiam uma versão censurada da
declaração. Informações sensíveis
sobre como construir armas seriam
retiradas do documento. Os EUA
alegaram que os cinco membros
permanentes do CS já são potências
nucleares, o que tornaria a "censura"
ociosa. O frágil argumento não disfarça a pressa dos norte-americanos.
Permanece em aberto o que ocorrerá na hipótese de os EUA acharem
provas de que os iraquianos não estão cumprindo a resolução da ONU.
O texto aprovado pelo CS é ambíguo.
Na leitura de França e Rússia, o CS
precisaria voltar a se reunir para decidir o que fazer. Na interpretação da
Casa Branca, a resolução já abriu o
caminho para a intervenção militar.
Fica uma sensação de que os EUA
farão o que bem entenderem, e de
que as Nações Unidas acabarão por
chancelar as opções do presidente
George W. Bush.
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