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São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Prefeitura
"Em sua coluna de ontem ("PT sob suspeita", Opinião, pág. A2), o diretor e articulista da Folha, Otavio Frias Filho, desferiu dois ataques ignominiosos: um contra o meu partido e outro contra a minha administração. Contrariamente a suas alegações, vivia-se em janeiro de 2002 o auge da campanha histérica contra Lula e o PT visando manter no governo o PSDB e o PFL, e não um messianismo em nosso favor. Todos os métodos foram utilizados contra o PT e o seu candidato, inclusive o da calúnia e o das insinuações retomadas agora pelo diretor da Folha. O PT é transparente e sempre esteve a favor da investigação sobre o assassinato de Celso Daniel. O que se rejeita é a tentativa de macular o partido e Celso Daniel sem nenhum fundamento nem prova, como faz o articulista. Como em geral a ignomínia nunca vem desacompanhada, uma nota no fim do artigo de Frias Filho procura confundir minha administração com as de Maluf e de Pitta. Atribui a mim o objetivo de "iludir o eleitor incauto". Ilusão é acreditar que o senhor Otavio Frias Filho desconhece que foi o governo federal do PSDB que nos obrigou a atrasar muitas obras, recusando a liberação dos recursos necessários. Se o boicote e a discriminação do governo, na época, não tivessem existido, essas obras teriam começado bem antes de 2004. É também duvidoso que o articulista ignore os seis piscinões construídos em minha gestão, o enfrentamento à máfia do transporte coletivo, os uniformes, a merenda, o material escolar e o Vai e Volta implantados em apenas dois anos, além do Renda Mínima e dos demais projetos sociais iniciados logo no começo de meu governo. Criamos quase 200 mil novas vagas na educação municipal e construímos os CEUs. Se as obras viárias, do transporte e a recuperação do centro só puderam começar recentemente, e ainda por cima na dependência da liberação de empréstimos do BNDES e do BID, os responsáveis com certeza não se encontram na minha administração. É lamentável, enfim, que o articulista use e abuse da boa-fé dos leitores sonegando fatos e privilegiando a desinformação."
Marta Suplicy, vice-presidente do PT e prefeita de São Paulo (São Paulo, SP)

 

"O artigo "PT sob suspeita", de Otavio Frias Filho, afirma que Paulo Maluf encheu a cidade de obras no último ano de sua administração com propósito eleitoral. Maluf, desde o primeiro dia de seu mandato, em 1993, concluiu as obras paralisadas pela administração anterior à sua -do PT. Ao longo dos quatro anos de seu governo, iniciou e terminou outras obras, entregando-as à cidade até dezembro de 1996. Esse é um dos motivos pelos quais pesquisa Datafolha publicada pela Folha em 8 março 1999, mais de dois anos depois do término de seu mandato, apontou Paulo Maluf como o melhor prefeito da cidade nos últimos 13 anos."
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)

Hepatite
"Muito oportuno o debate que o médico Hoel Sette Jr. traz à luz com o artigo "Tratamento da hepatite crônica C" ("Tendências/Debates", pág. A3, 10/12). Trata-se de uma patologia com alto índice de contaminação, carregada de mitos e para a qual a comunidade científica dedica há algum tempo estudos que buscam novas alternativas de tratamento e de cura. Causa-nos também preocupação a afirmação de que os índices de cura observados com o uso de medicamentos similares aprovados por esta agência são baixos. Assim, enviamos carta ao especialista em que pedimos que nos fornecesse dados precisos sobre os estudos científicos que eventualmente contestam a eficácia das terapias convencionais. Informo que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem uma unidade de farmacovigilância apta a receber notificações em caso de serem identificados problemas com o uso de medicamentos (farmacovigilancia@anvisa.gov.br)."
Cláudio Maierovitch Pessanha Henriques, diretor-presidente da Anvisa (Brasília, DF)

Para dar um fim ao juízo de Deus
"Descobri o óbvio na reportagem de Pedro Alexandre Sanches sobre a estréia da segunda parte de "O Homem - da Revolta ao Trans-Homem" (Ilustrada, 11/ 12): que o moralismo é o esteio do fuxico, da fofoca, do julgamento, essa praga que cai sobre a vida privada dos artistas. Referindo-me à composição que Caetano Veloso está fazendo para a peça, disse que não conseguia falar por telefone com ele porque começo o ensaio às 16 h e Zé Miguel Wisnik tinha me informado que é a única hora em que poderia encontrar Caetano em casa, é a hora em que ele acorda e logo sai para a psicanálise. Adoro acordar às 16h. Foi o que fiz ontem [quarta-feira], que era meu dia de folga. E acho maravilhoso Caetano estar experimentando a psicanálise -até revolucionário. Portanto não cabe o verbo que segue a vírgula: "provoca". Também não cabe classificar como "provocação" a cena do "Beija" na peça, nem de "ataque" a referência a Sebastião Salgado no fato de dizer que os sertanejos de Canudos e os sem-terra não têm mais o ar massacrado das personagens das suas fotos. Também não admito, nem nunca admiti, chamar o contato com o público de "teatro de agressão". Tudo se resume em clichês, em um maneirismo moralista, que odeio, numa interpretação tosca e subjetiva do que diz o entrevistado quando se acrescenta, após uma declaração, palavras de interpretação moral do entrevistador, como "ataca", "provoca", "critica". São rubricas de dramaturgos maniqueístas, que não sabem ler o complexo do que dizem e vivem as pessoas humanas. É a pobreza da comadre e a tragédia dos que crêem no péssimo julgamento de Deus. Gosto muito do repórter, e foi uma madrugada muito agradável, uma boa entrevista. Não havia necessidade de destruí-la, insisto, com esse estilo típico, provinciano e vulgar de vírgula seguida de um julgamento estreito do que o outro disse. Espero que essa prática babaca da imprensa acabe e que esse uso seja reavaliado nos manuais das Redações. É má literatura, mau gosto e anacronismo no mundo em que vivemos, felizmente, o fim do juízo."
José Celso Martinez Corrêa (São Paulo, SP)

Protestos
"Gostaria de saber a data em que o rabino Sobel pretende promover indignada passeata para protestar contra a mais recente atrocidade que vitimou dois jovens da periferia de São Paulo em uma estação de trens e para quando a senhora Hebe Camargo marcou a entrevista na qual transformará em linguiça os skinheads responsáveis pelo espetáculo de violência e mutilação."
Iza Madeira (São Paulo, SP)

Camisinha
"O senhor Alexandre Grangeiro, coordenador de DST/Aids do Ministério da Saúde ("Para coordenador, acordo é possível", Cotidiano, 10/12), age como um irresponsável ao ocultar da população a porcentagem de risco (ainda que pequena) de contrair Aids mesmo usando camisinha. Com isso, ele engana as pessoas, induzindo-as a não se cuidarem ainda mais. "Confie no meu pára-quedas, você está 100% seguro. Bobagem usar um de reserva. Pule de qualquer altitude, em qualquer lugar e a qualquer hora do dia ou da noite...". A única coisa importante é usar a camisinha-pára-quedas do senhor Grangeiro. E dane-se caso o pára-quedas não abra. Afinal, a sua Aids não alterará as porcentagens."
Alberto Gomes (São Paulo, SP)

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