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ELIANE CANTANHÊDE
Nervos à flor da pele
BRASÍLIA - Na próxima sexta, Lula almoça no Clube do Exército com
todos os quatro-estrelas (maior patente) e com oficiais-generais das
três Forças Armadas que servem
em Brasília. Uma festa de fim de
ano, com brigadeiros contando piadas, sisudos almirantes rindo discretamente, Lula dando tapinhas
nas costas de generais.
Mas, na verdade, os militares estão estressados. O primeiro ministro da Defesa de Lula caiu ao trombar com o comandante do Exército,
depois suspeito de dar "carteiraço"
no aeroporto de Campinas. Agora, o
maior acidente da história da aviação brasileira, a crise aérea e a conversa de surdo e mudo do comandante da Aeronáutica com o atual
ministro da Defesa. E a tese de "desmilitarização" rondando.
Tempos difíceis, ilustrados pelo
nervosismo de ontem. Na Aeronáutica, por causa da queda de energia
no Cindacta-2 (Curitiba). Na Marinha, com o incidente na Bahia com
um catamarã.
Avisado no domingo à noite, o comandante da Marinha, Roberto de
Guimarães Carvalho, pensou: "Ih!
Depois do avião, um barco?". Mandou conferir se a embarcação estava com os registros de inspeção em
dia e dentro da lotação autorizada.
Estava. Ufa! Havia 132 pessoas a
bordo, 131 foram resgatadas.
Antes, eram os comandantes que
cobravam aumento de soldos e de
investimentos. Agora, eles só pedem para serem esquecidos. Não
querem um outro acidente, nem
mais problemas, nem mais dúvidas,
nem sargentos de qualquer das
Forças filiados a associações e fazendo operação-padrão e reivindicações tidas como sindicais.
O temor na Aeronáutica, na Marinha e no Exército é que os controladores de vôo tenham aberto um
precedente e que seus congêneres
nas outras Forças saiam atrás deles
em vôo livre. E com o apoio, ao vivo
e em cores, do ministro da Defesa.
Os atuais comandantes passam,
mas os sargentos ficam.
elianec@uol.com.br
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