São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Nervos à flor da pele

BRASÍLIA - Na próxima sexta, Lula almoça no Clube do Exército com todos os quatro-estrelas (maior patente) e com oficiais-generais das três Forças Armadas que servem em Brasília. Uma festa de fim de ano, com brigadeiros contando piadas, sisudos almirantes rindo discretamente, Lula dando tapinhas nas costas de generais.
Mas, na verdade, os militares estão estressados. O primeiro ministro da Defesa de Lula caiu ao trombar com o comandante do Exército, depois suspeito de dar "carteiraço" no aeroporto de Campinas. Agora, o maior acidente da história da aviação brasileira, a crise aérea e a conversa de surdo e mudo do comandante da Aeronáutica com o atual ministro da Defesa. E a tese de "desmilitarização" rondando.
Tempos difíceis, ilustrados pelo nervosismo de ontem. Na Aeronáutica, por causa da queda de energia no Cindacta-2 (Curitiba). Na Marinha, com o incidente na Bahia com um catamarã.
Avisado no domingo à noite, o comandante da Marinha, Roberto de Guimarães Carvalho, pensou: "Ih! Depois do avião, um barco?". Mandou conferir se a embarcação estava com os registros de inspeção em dia e dentro da lotação autorizada.
Estava. Ufa! Havia 132 pessoas a bordo, 131 foram resgatadas. Antes, eram os comandantes que cobravam aumento de soldos e de investimentos. Agora, eles só pedem para serem esquecidos. Não querem um outro acidente, nem mais problemas, nem mais dúvidas, nem sargentos de qualquer das Forças filiados a associações e fazendo operação-padrão e reivindicações tidas como sindicais.
O temor na Aeronáutica, na Marinha e no Exército é que os controladores de vôo tenham aberto um precedente e que seus congêneres nas outras Forças saiam atrás deles em vôo livre. E com o apoio, ao vivo e em cores, do ministro da Defesa. Os atuais comandantes passam, mas os sargentos ficam.


elianec@uol.com.br

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