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LEI UNIVERSITÁRIA
A qualidade tem custo. Essa
máxima, que serve para quase
tudo, é especialmente verdadeira
quando o assunto é educação. Oferecer uma boa formação aos alunos
exige investimentos cujo retorno pode demorar ou mesmo inexistir. Como tempo é dinheiro, nem todos os
empresários da educação estão dispostos a realizá-los. Daí que, como
mostrou levantamento feito pelo repórter Antônio Gois, desta Folha,
83% das universidades privadas não
cumprem norma da Lei de Diretrizes
e Bases (LDB), a "constituição" da
educação, relativa a pesquisas. As
universidades têm até o final deste
ano para adequarem-se à LDB.
O item no qual ocorre a maior porcentagem de falhas é o que determina que ao menos um terço do corpo
docente das universidades trabalhe
em regime integral. Deixam de cumpri-lo 83,3% das instituições privadas, contra só 7,7% das públicas.
A contratação em regime integral
seria um indicativo de que a instituição realiza pesquisa. Professores em
regime integral recebem por 40 horas semanais, sendo que pelo menos
20 delas são dedicadas a projetos de
pesquisa ou extensão. Na visão exclusivamente financeira, esse professor custa o dobro de um contratado
exclusivamente para dar aulas e que
recebe por horas trabalhadas.
Não se pode esperar que todas as
instituições de ensino superior realizem pesquisas. É aí que sobrevém a
diferença entre universidades e faculdades. Enquanto as últimas devem
ser apenas boas escolas a transmitir
conhecimento, as primeiras precisam ser centros de excelência que desenvolvam pesquisa original. É com
base nessa diferença que universidades gozam de autonomia para abrir e
fechar cursos. Já faculdades não possuem essa prerrogativa.
Não há incompatibilidade entre
ensino de qualidade e lucro. O que
não é possível é tentar impor a política do fato consumado. A LDB, quando foi aprovada em 1996, deu às universidades um prazo de oito anos.
Espera-se que, finda essa carência,
todas elas estejam de acordo com a
lei e, principalmente, que o governo
a faça cumprir.
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