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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Oscar
"Fiquei revoltado com o fato de o filme "Cidade de Deus" não ter sido indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro -"porque é muito violento". Quando um filme mostra a verdade de um país em desenvolvimento, onde, para sobreviver, muitas vezes é necessário ter o acaso como companheiro e tudo está no fio da navalha, eles acham "muito violento". Quando mostra a opulência da máfia italiana, seja em "Cassino", seja em "O Poderoso Chefão", a violência passa longe, pois aquilo que é mostrado na tela é romantizado. Mas a nossa realidade é muito violenta para eles. Os membros da Academia deveriam ter participado das filmagens para ver que, apesar de ser um filme, ele retrata a realidade que ainda hoje vivemos. Como ficamos nós, que vivemos continuamente nesse "filme" 24 horas por dia, sete dias por semana?"
Henrique Linares Pauletti (Sorocaba, SP)

Lixo
"A coleta seletiva de lixo é medida mais que necessária na moderna sociedade industrial. Houve problemas de prazo e de equipamentos na instalação da central de coleta na cidade de São Paulo, mas a iniciativa deve ser elogiada. O aspecto social desse projeto de cooperativa deve ser ressaltado, pois, diferentemente do que acontece na Europa, no Brasil o número de pessoas dependentes de obter renda do lixo é grande. Lá na Europa, o sistema é sustentado quase exclusivamente pela entrega voluntária pelos cidadãos do lixo já separado. Aqui o sistema depende dos catadores e separadores. Espero que o sistema tenha aqui o sucesso duradouro que tem por lá -apesar da fórmula totalmente diferente."
Adilson R. Gonçalves (Lorena, SP)

Elétricas
"Caso muito curioso. Na hora de o governo cobrar as dívidas das concessionárias de energia elétrica, as cláusulas contratuais de multa por atraso no pagamento são ignoradas ou desprezadas ("BNDES rola a dívida de mais sete elétricas", Dinheiro, pág. B1, 12/2). Porém, na hora de as concessionárias reajustarem suas tarifas, os contratos não podem e não devem ser quebrados. Então nós, pobres consumidores, perguntamos: que pais é este?"
Marcos Antonio Trevizan (São Bernardo do Campo, SP)

Cotas
"O sistema de cotas em universidades públicas para negros, pardos e alunos da rede pública de ensino é, no mínimo, discriminatório e antidemocrático. Não fará nenhuma diferença para o país admitir em suas universidades alunos que não tenham condições de acompanhar os estudos. Que futuros médicos teremos? Esse sistema é, na realidade, um "tapa-buraco", que demonstra a ineficiência da escola que não educa os seus alunos e apenas serve para preencher estatísticas de índices de analfabetismo em queda."
Soraya Felix (São Paulo, SP)

Tolerância zero no transporte
"A senhora prefeita Marta Suplicy deveria ter compaixão dos usuários de ônibus. Não deveria permitir que fossem tratados como gado. É inaceitável que essas máquinas enormes e mal planejadas conhecidas como ônibus urbanos sirvam de transporte para milhões de pessoas diariamente. Isso que chamam de ônibus não oferece segurança nem o mínimo conforto para os usuários. Mas o que mais irrita o usuário, além da falta de segurança e de conforto, são os itinerários que os ônibus percorrem. Para se deslocarem de um lugar para outro, tais veículos fazem percursos incompreensíveis, trafegam por ruas estreitas e de mão dupla. Rodam quilômetros por ruas onde não há demanda de passageiros, quando até o cobrador sai de seu posto para uma rápida "pestana". Isso só é compreensível se as empresas de ônibus são remuneradas por quilômetro rodado. Só pode ser essa a justificativa."
Jairo C. Marra (São Paulo, SP)

Terra
"Entre as prioridades do governo está o assentamento de milhares de famílias em milhares de hectares de terras ociosas em 17 Estados -desapropriações a serem pagas em TDA. Ótimo. Quem sabe os donos de terras produtivas finalmente vão poder trabalhar em paz e fazer a sua parte para matar a fome do povo. Certamente há muita terra ociosa em um país de dimensões continentais -e não há a necessidade de o Incra mudar a tabela de produtividade e tornar o Brasil inteiro improdutivo nem muito menos de que se revogue a lei que proíbe o órgão de reclassificar a produtividade de propriedades invadidas por dois anos. Dois anos é pouco tempo para recuperar o estrago de uma invasão -e o governo bem sabe que a atual onda de invasões não se limita só às terras ociosas. E o pior: os mandados de reintegração de posse obtidos no Judiciário não são cumpridos. E o pagamento em TDA? Quem de nós venderia uma propriedade para receber em cinco, dez ou 20 anos?"
Maria Isabel Pereira (São Paulo, SP)

Natalidade
"O país é grande em território e em recursos, mas a população está concentrada em metrópoles, e os recursos estão nas mãos de poucos. Planejar o número de filhos e, consequentemente, o de concidadãos é importante. Igualmente importante é planejar a desconcentração demográfica e democratizar as oportunidades."
Luiz Dalpian (Santo André, SP)

Estradas
"A reportagem "Agência despreza preço em concorrência" (Cotidiano, pág. C4, 7/2) interpreta o edital de licitação para contratação de escritório de advocacia de forma equivocada. A licitação baseada nos critérios "técnica e preço" visa buscar o melhor equilíbrio possível entre esses dois princípios, evitando que o fator preço isoladamente possa conduzir à contratação de um serviço não suficientemente qualificado para defender os interesses do contratante. Dessa forma, busca-se evitar que uma empresa vença a licitação com preços baixos para depois tentar aumentá-los ou que justifique desempenho insatisfatório. A tese de que o menor preço não prevalece no resultado da licitação também não é correta. Entre as infindáveis combinações de preços possíveis, basta uma para evidenciar a possibilidade dessa ocorrência: o caso em que dois licitantes apresentem preços com variação de 10% em relação ao preço de referência. Vencerá aquele que oferecer menor preço. A suspensão temporária da licitação se deu por determinação do Tribunal de Contas do Estado. Após análise do edital, o TCE determinou sua republicação, solicitando apenas melhor detalhamento da natureza e do estágio das ações judiciais que compõem o objeto da licitação e a ampliação do prazo para prestar esclarecimentos aos licitantes."
Adherbal Vieira, assessor de imprensa da Artesp - Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)


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