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ELIANE CANTANHÊDE
Hora do "fura-poço"
BRASÍLIA - Passadas a vitória do
petista Arlindo Chinaglia para a
presidência da Câmara e a festa do
PT em Salvador, chega a hora que
Lula mais se esforça para evitar: a
de distribuir as verbas do Orçamento e os cargos de governo.
Os aliados (do PMDB, particularmente) fizeram tudo bonitinho para eleger Chinaglia, e os petistas
ameaçaram aproveitar a festa de
aniversário do partido para empurrar Lula contra a parede, mas, como
sempre, acabou todo mundo quietinho enquanto Lula comandava
o espetáculo e falava o que bem
entendia.
Essas coisas têm preço, e a moeda
pode ser uma boa emenda para a região do aliado e um bom cargo para
o próprio aliado ou para o aliado do
aliado no Estado. Alguém, enfim,
que vá para o governo fazer o jogo
não exatamente do povo, do eleitor,
do contribuinte, mas do padrinho.
E os ministérios, estatais, diretorias, tudo isso tem valor diferenciado. Uns "furam poço", outros são
secos. Ou seja: uns dispõem de muitas verbas, outros são apenas simbólicos. Adivinha de qual a turma
gosta mais?
Nem a saúde escapa, apesar daquela velha fantasia de 20 anos de
que, com o PT no poder, tudo seria
diferente, principalmente na educação, na saúde, nas áreas sensíveis
e de interesse mais direto da maioria e dos excluídos. Mas nada mudou, e a saúde, hoje, como ontem, é
um excelente "fura poço".
Há técnicos de bom currículo disputando o cargo, mas parece que esse não é o perfil idealizado pelos
dois ramos peemedebistas, o "governista" e o "neogovernista", que
se uniram para apoiar Lula no segundo mandato. Aparentemente, o
ministro da Saúde não precisa ser
craque na área, mas, sim, ágil no jogo do "fura-poço" -saber liberar
verbas na medida para agradar correligionários e prefeitos amigos.
Pode-se atualizar "fura-poço" como "sanguessuga". No fundo, dá no
mesmo. Só está mais popular.
elianec@uol.com.br
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