São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Brasília fracassou

BRASÍLIA - A prisão preventiva do governador de Brasília, José Roberto Arruda, confirma a falência do modelo político-administrativo do Distrito Federal. Criado em 1960 e piorado ao longo das décadas, o sistema é disfuncional e produz escândalos em série.
O Congresso fará um bem ao Brasil -e aos habitantes de Brasília- se extinguir o modelo em vigor. O Distrito Federal tem mais de 2,5 milhões de habitantes e nenhum prefeito nem vereador. Só há um governador e uma Câmara Distrital. A concentração de poder é a porta de entrada para a corrupção.
Considerava-se necessário no passado instalar a capital da República numa área de segurança nacional. Esse conceito caducou. Não há prejuízo nem risco para o Brasil hoje se o Distrito Federal for devolvido para Goiás. Cidades satélites como Ceilândia (mais de meio milhão de habitantes) passariam a ter prefeitos e Câmara Municipais.
Não ficariam mais controladas por um administrador nomeado sabe-se lá com que tipo de influência política imprópria e oculta . O centro de Brasília também pode ser uma cidade autônoma, como as demais, com prefeito e vereadores. Os cidadãos brasilienses passariam a votar para eleger o governador de Goiás, senadores, deputados federais e estaduais goianos.
Os benefícios seriam fartos. O Senado eliminaria as três vagas de Brasília. Não haveria mais Câmara Distrital e a casa dos horrores chamada Palácio do Buriti, sede do governo local. Os edifícios poderiam ser convertidos em museus. É preciso coragem para colocar essa mudança em prática. Mas o fracasso retumbante do sistema atual exige grandeza do Congresso: acabar com o democratismo da Constituição de 1988 que ampliou de maneira desmedida a autonomia administrativa para um pedaço de terra no interior de Goiás. Um benefício pago com o dinheiro de todos contribuintes brasileiros.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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