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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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AUTOCRÍTICA PETISTA

A autocrítica é uma prática recorrente na história mundial da esquerda. Positiva em sua essência, ela nem sempre se caracterizou pela sinceridade. Nem por isso deve ser menosprezada a atitude de alguns dirigentes petistas, no Congresso e no governo, que reconheceram ter errado ao não apoiar reformas propostas por Fernando Henrique Cardoso e que agora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se esforça por aprovar, a fim de remover entraves ao crescimento da economia.
Ao reconhecer o erro, entretanto, o alto escalão governista dá margem a que se julgue que o PT agiu no passado por oportunismo político, e não por convicção sincera. O que se espera é que agora não deixe no ar a mesma suspeita, e que seu objetivo seja maior do que garantir a adesão do PSDB e do PFL a suas propostas. Uma indicação mais concreta de que a mudança de posição estaria consolidada poderá vir da reunião do Diretório Nacional petista, no sábado, quando se espera que as políticas do governo sejam referendadas.
É verdade, como disse o líder no Senado, Aloizio Mercadante, que os petistas, na época minoritários no Congresso, não podem ser inteiramente responsabilizados pelo fracasso das reformas da Previdência e tributária. Neste último caso, é certo que faltou empenho do governo passado, mas na questão previdenciária a agressividade da antiga bancada oposicionista contribuiu em muito para tornar mais denso o clima negativo que impediu a aprovação de mudanças nas regras de aposentadoria dos servidores públicos.
O governo deve ainda à opinião pública um posicionamento mais claro em relação aos juros. Durante muito tempo, os petistas disseram que baixar a taxa básica dependia de "vontade política". Agora, não basta colocar a culpa na herança econômica que receberam, sob o risco de ficarem expostos à acusação de que teriam praticado estelionato eleitoral.


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