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AUTOCRÍTICA PETISTA
A autocrítica é uma prática
recorrente na história mundial
da esquerda. Positiva em sua essência, ela nem sempre se caracterizou
pela sinceridade. Nem por isso deve
ser menosprezada a atitude de alguns dirigentes petistas, no Congresso e no governo, que reconheceram ter errado ao não apoiar reformas propostas por Fernando Henrique Cardoso e que agora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se esforça
por aprovar, a fim de remover entraves ao crescimento da economia.
Ao reconhecer o erro, entretanto, o
alto escalão governista dá margem a
que se julgue que o PT agiu no passado por oportunismo político, e não
por convicção sincera. O que se espera é que agora não deixe no ar a mesma suspeita, e que seu objetivo seja
maior do que garantir a adesão do
PSDB e do PFL a suas propostas.
Uma indicação mais concreta de que
a mudança de posição estaria consolidada poderá vir da reunião do Diretório Nacional petista, no sábado,
quando se espera que as políticas do
governo sejam referendadas.
É verdade, como disse o líder no Senado, Aloizio Mercadante, que os
petistas, na época minoritários no
Congresso, não podem ser inteiramente responsabilizados pelo fracasso das reformas da Previdência e
tributária. Neste último caso, é certo
que faltou empenho do governo passado, mas na questão previdenciária
a agressividade da antiga bancada
oposicionista contribuiu em muito
para tornar mais denso o clima negativo que impediu a aprovação de mudanças nas regras de aposentadoria
dos servidores públicos.
O governo deve ainda à opinião pública um posicionamento mais claro
em relação aos juros. Durante muito
tempo, os petistas disseram que baixar a taxa básica dependia de "vontade política". Agora, não basta colocar a culpa na herança econômica
que receberam, sob o risco de ficarem expostos à acusação de que teriam praticado estelionato eleitoral.
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