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SOLAVANCO DO REAL
Na semana passada, o real sofreu forte desvalorização, devido aos rumores de que as taxas de juros nos Estados Unidos, na Europa e
no Japão possam subir mais do que o
esperado, reduzindo a atração dos
investimentos -de maior risco e elevada rentabilidade- nos mercados
emergentes. A decisão do Banco do
Japão de abandonar a política monetária super-expansionista que mantém há cinco anos gerou preocupações quanto às possíveis conseqüências para a economia mundial.
Diante disso, os grandes investidores internacionais efetuaram uma
movimentação em seus portfólios,
alterando as posições em diversos
ativos e moedas a fim de reduzir os
riscos potenciais de perdas. Isso
ocorreu com investidores que realizam operações de "carry trade", nas
quais captam dinheiro a custo baixo
nos países industrializados para investi-lo nos mercados emergentes,
como o Brasil, com juros reais elevados. O movimento dos investidores
repercutiu nas cotações do real e das
ações negociadas na Bovespa.
O aprofundamento da abertura financeira da economia brasileira, nos
últimos anos, ampliou os vínculos
com o sistema financeiro global, para o bem e para o mal. A economia
doméstica fica mais sujeita às oscilações de euforia e de pânico dos investidores internacionais, mesmo considerando a expressiva melhora nas
contas externas: elevado superávit na
balança comercial e em conta corrente, bem como queda no estoque
de dívida externa.
Isso pode não significar um retorno da elevada volatilidade que flagelou o Brasil no passado recente; a
desvalorização sofrida pelo real nesta
semana pode ser mera correção técnica. De todo modo, parece claro
que, para tentar conter essas drásticas oscilações de origem externa, o
governo deveria reduzir com mais rapidez a diferença entre a taxa real de
juros brasileira (em queda lenta e
gradual) e a taxa de juros mundial,
que pode continuar a subir progressivamente nos próximos meses.
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