São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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SOLAVANCO DO REAL

Na semana passada, o real sofreu forte desvalorização, devido aos rumores de que as taxas de juros nos Estados Unidos, na Europa e no Japão possam subir mais do que o esperado, reduzindo a atração dos investimentos -de maior risco e elevada rentabilidade- nos mercados emergentes. A decisão do Banco do Japão de abandonar a política monetária super-expansionista que mantém há cinco anos gerou preocupações quanto às possíveis conseqüências para a economia mundial.
Diante disso, os grandes investidores internacionais efetuaram uma movimentação em seus portfólios, alterando as posições em diversos ativos e moedas a fim de reduzir os riscos potenciais de perdas. Isso ocorreu com investidores que realizam operações de "carry trade", nas quais captam dinheiro a custo baixo nos países industrializados para investi-lo nos mercados emergentes, como o Brasil, com juros reais elevados. O movimento dos investidores repercutiu nas cotações do real e das ações negociadas na Bovespa.
O aprofundamento da abertura financeira da economia brasileira, nos últimos anos, ampliou os vínculos com o sistema financeiro global, para o bem e para o mal. A economia doméstica fica mais sujeita às oscilações de euforia e de pânico dos investidores internacionais, mesmo considerando a expressiva melhora nas contas externas: elevado superávit na balança comercial e em conta corrente, bem como queda no estoque de dívida externa.
Isso pode não significar um retorno da elevada volatilidade que flagelou o Brasil no passado recente; a desvalorização sofrida pelo real nesta semana pode ser mera correção técnica. De todo modo, parece claro que, para tentar conter essas drásticas oscilações de origem externa, o governo deveria reduzir com mais rapidez a diferença entre a taxa real de juros brasileira (em queda lenta e gradual) e a taxa de juros mundial, que pode continuar a subir progressivamente nos próximos meses.


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