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O RISCO PUTIN
No próximo dia 19, os bielo-russos irão às urnas para escolher seu presidente. É praticamente
certo que Alexander Lukashenka, o
atual líder, aliado próximo de Moscou, vencerá. A assertiva não se baseia em pesquisas, mas no fato de
que Lukashenka é um ditador. A
oposição terá chance mínima.
Lukashenka tem controle sobre
praticamente toda a mídia, que faz
deslavada campanha a seu favor. Ativistas contrários ao governo são freqüentemente condenados à prisão e
ao exílio. Em casos mais raros, simplesmente desaparecem.
Além disso, o presidente tem gigantesco poder econômico sobre a
população. A maioria dos funcionários de empresas públicas -isto é,
grande parte da população desse
país de economia fortemente estatizada- é empregada com base em
contratos de um ano. Basta aparentar simpatia pela oposição para ficar
sem trabalho. Se tudo isso falhar,
ainda se pode fraudar o resultado do
pleito, como receiam observadores.
Moscou, é claro, não apenas tolera
tudo isso como ainda prega abertamente o voto em Lukashenka. O presidente russo, Vladimir Putin, ele
próprio protagonista de uma escalada autoritária, patrocina vários tiranos nos países da antiga União Soviética, que ele considera sua esfera
de influência. Além de Lukashenka,
podem-se citar os ditadores do Uzbequistão, Islam Karimov, e do Cazaquistão, Nursultan Nazarbaiev.
Fomentar Estados-tampões em
suas fronteiras é uma tendência dos
dirigentes russos desde a época dos
czares. Tal propensão converteu-se,
porém, em diretriz prioritária da política externa do Kremlin desde que
Putin viu dois aliados próximos caírem devido a protestos populares na
Ucrânia e no Quirguistão, em 2004.
É inútil esperar que as democracias
européias ensaiem um protesto mais
firme contra a interferência de Putin.
Vários países da UE dependem do
petróleo e do gás russos. E o autocrata não hesita em usar a energia para
fazer valer seus interesses.
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