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PLÍNIO FRAGA
Entre o chuchu e o limão
RIO DE JANEIRO - O PSDB escolhe seu candidato à sucessão presidencial
como quem vai à feira: muita algaravia, balanças com dois pesos e duas
medidas, promessas de frescor de
idéias e pechinchas eleitorais. No caminhar da coisa, parece que a escolha tucana é só uma questão de verduras e frutas, como se não fizesse
muito diferença se o candidato será
chuchu ou limão.
Não é bem assim. De uma maneira
ou de outra, o presidente Lula hoje
ocupa o centro do eleitorado. Tem
para si o voto daqueles que acham
que as coisas poderiam estar melhores, mas não estão tão ruins. Grosso
modo, a turma dos, se não satisfeitos,
ao menos conformados.
Que outros espaços existem a ser
ocupados pelos demais candidatos? À
extrema-esquerda, nicho de pouco
potencial, Heloisa Helena (PSOL) deve levar os votos dos que ainda sonham em fazer a revolução, grupo tonificado pelas viúvas enojadas do PT.
Se o PMDB estiver na disputa, pode
tentar retomar um discurso nacional-desenvolvimentista que atuaria
muito próximo da área de Lula.
Existem duas faixas na corrida eleitoral sem donos claros. Uma, à direita, que pede um candidato que se assuma como tal, como certos pensadores hoje no campo das idéias. Outra
faixa é a dos mudancistas, gente que
acha que não dá para continuar como está e que majoritariamente votou em Lula e tem poucos argumentos para repetir hoje a sua escolha.
É por uma dessas duas faixas que o
PSDB tem de escolher transitar. Uma
é mais para chuchu; outra é mais para limão; uma, mais do que sabor,
exige uma certa neutralidade de gosto; outra requer certa acidez, em especial em relação ao desencanto de
oito anos de FHC no poder. Se o
PSDB demorar, fará a escolha na hora da xepa, o momento da feira em
que o preço pago é menor, mas o produto está no limite da deterioração.
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