São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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PLÍNIO FRAGA

Entre o chuchu e o limão

RIO DE JANEIRO - O PSDB escolhe seu candidato à sucessão presidencial como quem vai à feira: muita algaravia, balanças com dois pesos e duas medidas, promessas de frescor de idéias e pechinchas eleitorais. No caminhar da coisa, parece que a escolha tucana é só uma questão de verduras e frutas, como se não fizesse muito diferença se o candidato será chuchu ou limão.
Não é bem assim. De uma maneira ou de outra, o presidente Lula hoje ocupa o centro do eleitorado. Tem para si o voto daqueles que acham que as coisas poderiam estar melhores, mas não estão tão ruins. Grosso modo, a turma dos, se não satisfeitos, ao menos conformados.
Que outros espaços existem a ser ocupados pelos demais candidatos? À extrema-esquerda, nicho de pouco potencial, Heloisa Helena (PSOL) deve levar os votos dos que ainda sonham em fazer a revolução, grupo tonificado pelas viúvas enojadas do PT.
Se o PMDB estiver na disputa, pode tentar retomar um discurso nacional-desenvolvimentista que atuaria muito próximo da área de Lula.
Existem duas faixas na corrida eleitoral sem donos claros. Uma, à direita, que pede um candidato que se assuma como tal, como certos pensadores hoje no campo das idéias. Outra faixa é a dos mudancistas, gente que acha que não dá para continuar como está e que majoritariamente votou em Lula e tem poucos argumentos para repetir hoje a sua escolha.
É por uma dessas duas faixas que o PSDB tem de escolher transitar. Uma é mais para chuchu; outra é mais para limão; uma, mais do que sabor, exige uma certa neutralidade de gosto; outra requer certa acidez, em especial em relação ao desencanto de oito anos de FHC no poder. Se o PSDB demorar, fará a escolha na hora da xepa, o momento da feira em que o preço pago é menor, mas o produto está no limite da deterioração.


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