São Paulo, sábado, 13 de julho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Sina
"Louvo a serenidade do deputado Alberto Goldman ("Uma teoria conspiratória", "Tendências/Debates", 12/7) ao tentar responder a artigo de minha autoria publicado na mesma seção ("O golpe de Estado permanente", 3/7). Lamento, porém, a triste sina dos defensores do governo, que são obrigados a explicar, quase todas as semanas, novos abusos cometidos para sustentar a candidatura oficial. O último deles foi a recusa de intervenção federal no Espírito Santo. Qual foi mesmo o Estado pelo qual Rita Camata se elegeu deputada federal?"
Fábio Konder Comparato, professor titular da Faculdade de Direito da USP (São Paulo, SP)

"Sobre as afirmações do deputado Alberto Goldman no artigo publicado ontem, a assessoria de imprensa do Partido Liberal lembra que o PL tem registro definitivo, candidatos em todos os níveis e que, portanto, jamais pode ser confundido com agrupamentos desqualificados. A assessoria de imprensa do partido acrescenta ainda que, para o presidente nacional da legenda, deputado Valdemar Costa Neto, "bando é aquilo em que parece ter tomado parte o deputado Goldman quando dos episódios que envolveram o escandaloso processo de privatização do sistema Telebrás."
Vladimir Porfírio, assessoria de imprensa do Partido Liberal (Brasília, DF)

Anestesiados
"Fiquei pensando sobre o 9 de Julho com orgulho -por ser paulista-, mas, ao mesmo tempo, com uma pergunta: onde foi parar a nossa indignação? Naquele tempo, médicos, advogados, professores e intelectuais em geral pegaram em armas e foram ao "front" para lutar por um ideal, a Constituição. Perderam -sem o apoio de mineiros e de gaúchos. Mas será mesmo que perderam? Dois anos depois, veio a Constituição. Agora, famílias são desfeitas. A maior causa de mortalidade no Brasil entre jovens é o assassinato! E nós não somos mais capazes de nos indignar. Que mundo posso apresentar para a minha filha de três anos? Como ensiná-la a lutar se estamos anestesiados?"
Adriana Cordovil (São Paulo, SP)

Maluf
"Sem desrespeitar a opinião de Otavio Frias Filho sobre Paulo Maluf, expressa no artigo "Três coisas" (Opinião, pág. A2, 11/7), a sobrevivência do prestígio político de Paulo Maluf está ligada à aprovação do eleitor ao estilo de administrar do ex-prefeito de São Paulo, aprovado em pesquisa feita pelo Datafolha em dezembro de 1996. E, novamente, pelo mesmo instituto, em 8 de março de 1999, quando Paulo Maluf foi considerado o melhor prefeito de São Paulo nos 13 anos anteriores àquela data. O prestígio de Paulo Maluf, detectado em nova pesquisa do Datafolha, publicada em 8/7, deve-se àquilo que as pessoas esperam do próximo governador de São Paulo: um político experimentado em administração, que acabe principalmente com o desemprego (há 2 milhões de desempregados na região metropolitana de São Paulo) e que dê segurança à população. Sobre a falta de segurança, aliás, a Folha, na mesma edição em que foi publicado o artigo de Otavio Frias Filho, publicou, com destaque, reportagem que noticia que, em São Paulo, os sequestros aumentaram 95% apenas no primeiro semestre deste ano."
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)

"Como nós, Otavio Frias Filho, em sua coluna de 11/7, não consegue entender como Paulo Maluf pode estar liderando as pesquisas para o governo do Estado de São Paulo depois de um sem-número de irregularidades e acusações que pesam sobre sua cabeça -sem contar o pecado que ele cometeu, quando governador, ao criar a Paulipetro para procurar petróleo em nosso Estado à custa do bolso de todos nós. Segundo assertiva popular, a voz do povo é a voz de Deus. Se Maluf vencer, o que se prenuncia até o momento, podemos até dizer que Deus é brasileiro, mas devemos reconhecer que paulista certamente Ele não é."
Carlos Eduardo Pompeu (Limeira, SP)

Memória
"Muito oportuna e interessante a opinião do colunista Clóvis Rossi acerca da fraca memória que atinge o presidente Fernando Henrique ("Presidente piora sociólogo", Opinião, pág. A2, 11/7). Além de FHC ter esquecido o que disse sobre a pobreza em 1975 -e, pior ainda, em 1994-, parece-me que há uma falha em sua memória sobre a sua formação no ensino público. Tiro essa conclusão devido aos inúmeros ataques que as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) -assim como as estaduais- vêm sofrendo durante o seu mandato. Apesar de tanto FHC como o ministro Paulo Renato (Educação) terem estudado em universidades públicas, é objetivo claro deste governo acabar com a gratuidade do ensino no país. O último golpe contra as Ifes tem origem na Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e conta com a conivência e com o apoio deste governo. Como estudante universitário, sou cada vez mais prejudicado por essa política de desmonte. Tento lutar de várias maneiras possíveis, mas a cada dia fica mais difícil ter esperanças de que a Constituição não vá ser violada e de que meus filhos vão ter direito ao ensino gratuito."
Fernando Corrêa Prado (Florianópolis, SC)

Próximo governo
"Muito boa a crônica de Carlos Heitor Cony sobre o dólar estressado (Opinião, pág. A2, 10/7). Cabe lembrar que a situação de estresse cambial vem desde 1999, quando a crise cambial obrigou o governo a mudar a sua política, retirando a âncora cambial da economia e comprometendo seriamente o comportamento do PIB brasileiro. Desde então, já passamos por diversas situações e por diversos estresses -quando, por exemplo, ocorreram os ataques ao WTC e o dólar subiu para R$ 2,83. A crise na Argentina tem sido também um fator de constante estresse. A especulação toma conta do país, privilegiando o mercado financeiro em detrimento do setor produtivo. E o governo assiste a tudo com um ar de complacência e resignação, como se não fosse o grande responsável pela situação. Espero que o próximo governo tenha a coragem de implantar uma política cambial mais racional."
Rodrigo França (Belo Horizonte, MG)

Responsabilidades
"Muito me espantou a afirmação do sr. Anthony Garotinho em sua entrevista ao "Jornal Nacional" de que a situação do Rio de Janeiro é de responsabilidade da governadora Benedita da Silva. Então as quadrilhas de traficantes se organizaram em cem dias, quando, segundo esse senhor "a situação se deteriorou'? Será que o procurado marginal conhecido como "Elias Maluco" começou suas atividades há apenas três meses? O sr. Garotinho não deveria insultar nossa inteligência com afirmações absurdas. Sabemos que a culpa pela atual situação excede até o seu próprio mandato, quanto mais o de uma governadora interina recém-empossada. Ao tentar passar a "batata quente" de sua responsabilidade de quatro anos à frente do Estado, Garotinho perdeu um tempo precioso, em que poderia ter detalhado suas propostas para enfrentar os problemas brasileiros."
Ruy Acquaviva Carrano Júnior (São Paulo, SP)



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