São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

Depois da tragédia

SÃO PAULO - No dia 28 de junho de 1950, a seleção brasileira jogou sua única partida da Copa do Mundo na cidade de São Paulo. Cerca de 40 mil pessoas foram ao Pacaembu ver o empate, em 2 x 2, com a Suíça.
O resultado logo seria esquecido. A seleção bateria a Iugoslávia por 2 x 0 e aplicaria duas goleadas históricas em sequência, ambas no Rio. A primeira, na Suécia, 7 x 1. A segunda, na Espanha, 6 x 1.
A partida contra a Espanha, que anteontem levantou seu primeiro título mundial, ficou como a segunda mais famosa daquela Copa.
Menino, ouvia as histórias contadas por meu pai, como lendas de um tempo mítico. O Maracanã, em incontível felicidade, a roubar das touradas os gritos de "olé". E depois do quarto gol, o estádio em uníssono a entoar "Touradas em Madri", a marcha de Braguinha.
Anunciava-se na festa da massa o simbólico casamento do futebol com a música popular. E de todos com a fantasia da técnica e da beleza, tecida por um time, que, segundo a própria imprensa internacional, era encantador. A eufórica goleada aconteceu três dias antes da derrota para o Uruguai -o grande trauma só superado em 1958.
Agora, mais de 60 anos depois da tragédia do Maracanaço, que farsa a história nos reserva para 2014?
Como mostrou caderno especial publicado ontem pela Folha, não é apenas o custo astronômico - cerca de R$ 33 bilhões- que impressiona e justifica temores quanto a desvios. Os sinais de falta de planejamento são clamorosos. Não se vê avanços em áreas como a ampliação de aeroportos e não se sabe ainda que estádio São Paulo terá.
O presidente Lula diz que tudo será feito, mas ele deixa o palácio em dezembro. Fã do esporte, amigou-se com a cartolagem e desperdiçou a oportunidade de colocar seu governo a serviço da profissionalização e da moralização do futebol brasileiro -que continua endividado até o pescoço e administrado, com as exceções de praxe, por incompetentes e aproveitadores.


Texto Anterior: Editoriais: Ciência adulterada

Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Tudo como dantes...
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.