|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Depois da tragédia
SÃO PAULO - No dia 28 de junho de
1950, a seleção brasileira jogou sua
única partida da Copa do Mundo na
cidade de São Paulo. Cerca de 40
mil pessoas foram ao Pacaembu ver
o empate, em 2 x 2, com a Suíça.
O resultado logo seria esquecido.
A seleção bateria a Iugoslávia por 2
x 0 e aplicaria duas goleadas históricas em sequência, ambas no Rio.
A primeira, na Suécia, 7 x 1. A segunda, na Espanha, 6 x 1.
A partida contra a Espanha, que
anteontem levantou seu primeiro
título mundial, ficou como a segunda mais famosa daquela Copa.
Menino, ouvia as histórias contadas por meu pai, como lendas de
um tempo mítico. O Maracanã, em
incontível felicidade, a roubar das
touradas os gritos de "olé". E depois do quarto gol, o estádio em
uníssono a entoar "Touradas em
Madri", a marcha de Braguinha.
Anunciava-se na festa da massa
o simbólico casamento do futebol
com a música popular. E de todos
com a fantasia da técnica e da beleza, tecida por um time, que, segundo a própria imprensa internacional, era encantador. A eufórica goleada aconteceu três dias antes da
derrota para o Uruguai -o grande
trauma só superado em 1958.
Agora, mais de 60 anos depois da
tragédia do Maracanaço, que farsa
a história nos reserva para 2014?
Como mostrou caderno especial
publicado ontem pela Folha, não é
apenas o custo astronômico - cerca de R$ 33 bilhões- que impressiona e justifica temores quanto a
desvios. Os sinais de falta de planejamento são clamorosos. Não se vê
avanços em áreas como a ampliação de aeroportos e não se sabe ainda que estádio São Paulo terá.
O presidente Lula diz que tudo
será feito, mas ele deixa o palácio
em dezembro. Fã do esporte, amigou-se com a cartolagem e desperdiçou a oportunidade de colocar
seu governo a serviço da profissionalização e da moralização do futebol brasileiro -que continua endividado até o pescoço e administrado, com as exceções de praxe, por
incompetentes e aproveitadores.
Texto Anterior: Editoriais: Ciência adulterada
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Tudo como dantes... Índice
|