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ANOMALIA NACIONAL
O governo está apreensivo em
relação à sua proposta de zerar
a alíquota do PIS-Cofins que incide
sobre as receitas financeiras dos bancos, hoje de 4,65%. A medida foi
idealizada para atender a um reclamo do setor financeiro, que tem
apontado a tributação como um dos
obstáculos à queda dos "spreads"
cobrados em operações de crédito
para pessoas físicas e empresas.
O Ministério da Fazenda, no entanto, passou a temer que esse alívio tributário, estimado em cerca de R$ 2
bilhões por ano, não venha a se traduzir em benefícios para os tomadores de empréstimos.
Segundo estudo divulgado pelo
jornal "Valor Econômico", os tributos e a margem dos bancos teriam
peso menor do que o Banco Central
estimava na formação dos "spreads"
bancários no Brasil -que sofreriam
mais influência de outros fatores, como os custos administrativos dos
bancos, a inadimplência e os depósitos compulsórios.
O reexame da proposta é mais um
episódio de uma história conhecida,
mas que permanece distante de um
desenlace promissor: a economia
brasileira não consegue trabalhar
com taxas de juros e "spreads" compatíveis com as necessidades de financiamento do setor produtivo. Se
a taxa básica de juros vem se mantendo em nível alto, aquelas oferecidas
no mercado mostram-se, em alguns
casos, simplesmente proibitivas.
No momento em que o país volta a
se defrontar com a deplorável perspectiva de um aumento da taxa Selic,
a questão da disponibilidade de financiamento adequado mostra-se
ainda mais dramática. Pois uma das
principais carências da economia
brasileira, que pode comprometer o
equilíbrio entre oferta e demanda,
gerar inflação e limitar o crescimento, reside justamente no volume ainda insuficiente de investimentos para
ampliação da capacidade produtiva.
Os juros e "spreads" praticados no
Brasil permanecem uma anomalia e
ainda estão à espera de políticas que
possam, como ocorreu com a inflação, conduzi-los a patamares mais
civilizados.
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