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Poder metropolitano
Para melhor administrar e planejar o transporte em áreas urbanas como a Grande São Paulo é recomendável criar novo tipo de autoridade
Ninguém desconhece que o
trânsito de São Paulo está entre os
piores do mundo e que este é um
dos mais graves problemas da
maior metrópole brasileira. Engarrafamentos gigantescos impõem aos motoristas viagens intermináveis à velocidade média
de 15 km/h nos horários de pico.
Ônibus abarrotados nos horários de pico transportam passageiros em condições sofríveis, com
faixas exclusivas em quantidade
insuficiente e linhas mal distribuídas pela malha urbana. As catracas dos coletivos do município registram por dia mais de 6 milhões
de passagens. E há ainda muito a
fazer no transporte sobre trilhos
-da expansão do metrô à qualidade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Apesar desses problemas, é preciso reconhecer que houve avanços na área de transporte urbano
em São Paulo. Sem os investimentos realizados nos anos recentes,
estaríamos a caminho do colapso.
A adoção do bilhete único, pela
prefeita Marta Suplicy, e sua extensão para o metrô, por iniciativa
do governo José Serra, barateou o
deslocamento de milhões de pessoas e, com o impulso do crescimento econômico, atraiu mais
gente para a rede de transporte.
Houve, além disso, um esforço
inédito, por parte da atual gestão
estadual, para ampliar a rede de
metrô, que em 2011 deve atingir 78
km de extensão.
Ainda é muito pouco diante das
necessidades da capital ou quando se compara, por exemplo, com
a Cidade do México, que já tem hoje quase 200 km. Mas, com a construção da linha 4 (amarela), que
atingirá as estações República e
Luz no ano que vem, o metrô paulistano passará, enfim, a se assemelhar a uma rede interligada,
permitindo ao usuário movimentar-se com rapidez pela cidade.
Essas iniciativas, porém, esbarram na ausência de uma autoridade metropolitana de transporte, a
exemplo do que existe em centros
como Londres e Madri. A Grande
São Paulo compreende quase 40
municípios, através dos quais milhões de pessoas se locomovem
cotidianamente, sem perceber onde começa um e termina o outro.
A gestão do transporte, fragmentada entre os poderes municipais, está em descompasso com a
vida real do cidadão. A megarregião urbana ganharia muito se o
controle operacional ficasse a cargo de um ente subordinado ao Estado, que tivesse entre seus membros representantes municipais.
Este seria um passo para otimizar a rede e a interação entre os diferentes meios de transporte, com
políticas padronizadas de tarifas e
investimentos equacionados a
partir de um ponto de vista mais
amplo dos problemas e carências.
É claro que um avanço desse tipo deve observar as leis vigentes
no país. Há instrumentos, como o
consórcio entre Estado e municípios, que podem viabilizá-lo.
O principal obstáculo na realidade é político. Municípios relutam em ceder terreno num setor
que movimenta, apenas na capital, cerca de R$ 4 bilhões com venda de passagem. Essa perspectiva
paroquial de administração pública precisa ser superada em prol do
interesse geral.
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