São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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Editoriais

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Poder metropolitano

Para melhor administrar e planejar o transporte em áreas urbanas como a Grande São Paulo é recomendável criar novo tipo de autoridade

Ninguém desconhece que o trânsito de São Paulo está entre os piores do mundo e que este é um dos mais graves problemas da maior metrópole brasileira. Engarrafamentos gigantescos impõem aos motoristas viagens intermináveis à velocidade média de 15 km/h nos horários de pico.
Ônibus abarrotados nos horários de pico transportam passageiros em condições sofríveis, com faixas exclusivas em quantidade insuficiente e linhas mal distribuídas pela malha urbana. As catracas dos coletivos do município registram por dia mais de 6 milhões de passagens. E há ainda muito a fazer no transporte sobre trilhos -da expansão do metrô à qualidade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Apesar desses problemas, é preciso reconhecer que houve avanços na área de transporte urbano em São Paulo. Sem os investimentos realizados nos anos recentes, estaríamos a caminho do colapso.
A adoção do bilhete único, pela prefeita Marta Suplicy, e sua extensão para o metrô, por iniciativa do governo José Serra, barateou o deslocamento de milhões de pessoas e, com o impulso do crescimento econômico, atraiu mais gente para a rede de transporte. Houve, além disso, um esforço inédito, por parte da atual gestão estadual, para ampliar a rede de metrô, que em 2011 deve atingir 78 km de extensão.
Ainda é muito pouco diante das necessidades da capital ou quando se compara, por exemplo, com a Cidade do México, que já tem hoje quase 200 km. Mas, com a construção da linha 4 (amarela), que atingirá as estações República e Luz no ano que vem, o metrô paulistano passará, enfim, a se assemelhar a uma rede interligada, permitindo ao usuário movimentar-se com rapidez pela cidade.
Essas iniciativas, porém, esbarram na ausência de uma autoridade metropolitana de transporte, a exemplo do que existe em centros como Londres e Madri. A Grande São Paulo compreende quase 40 municípios, através dos quais milhões de pessoas se locomovem cotidianamente, sem perceber onde começa um e termina o outro.
A gestão do transporte, fragmentada entre os poderes municipais, está em descompasso com a vida real do cidadão. A megarregião urbana ganharia muito se o controle operacional ficasse a cargo de um ente subordinado ao Estado, que tivesse entre seus membros representantes municipais.
Este seria um passo para otimizar a rede e a interação entre os diferentes meios de transporte, com políticas padronizadas de tarifas e investimentos equacionados a partir de um ponto de vista mais amplo dos problemas e carências.
É claro que um avanço desse tipo deve observar as leis vigentes no país. Há instrumentos, como o consórcio entre Estado e municípios, que podem viabilizá-lo.
O principal obstáculo na realidade é político. Municípios relutam em ceder terreno num setor que movimenta, apenas na capital, cerca de R$ 4 bilhões com venda de passagem. Essa perspectiva paroquial de administração pública precisa ser superada em prol do interesse geral.


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