São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2011

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Copa a qualquer custo

No mês que vem, completam-se quatro anos da escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014. A menos de três anos da abertura do evento, não há nem sequer uma estimativa realista de qual será o custo final.
O roteiro até agora revela-se temerário para os cofres públicos. Parece estar em vigor, mais uma vez, a tática de procrastinar até o limite, para em seguida alegar urgência. Diminuem-se as exigências para contratações, a qualidade dos projetos fica em último plano, a fiscalização é afrouxada. O Ministério Público Federal já teme uma explosão dos custos.
As concorrências para ampliação e modernização de aeroportos mal começaram. Os preços de construção e reforma de estádios variam, sem aparente motivo, em milhões de reais -a previsão para o Maracanã era de R$ 600 milhões, chegou a R$ 956 milhões e, por ora, está em R$ 859 milhões.
O atual descontrole de custos parece indicar que a Copa seguirá a mesma trilha escandalosa dos Jogos Pan-Americanos de 2007, quando a conta quase decuplicou -de R$ 410 milhões em 2002 para um valor final de R$ 3,7 bilhões.
Parcela importante das obras deve ser realizada sob o recém-criado Regime Diferenciado de Contratações, bem menos rigoroso que a Lei de Licitações.
Entre outros mecanismos, o RDC permite a contratação pelo valor global da obra, sem discriminar os serviços, o que dificulta o controle dos custos. O orçamento estimado também será divulgado só depois de apresentadas as propostas. A alegação do governo, de que isso dificulta o conluio de empreiteiras para combinar preços, soa bastante ingênua -ou, melhor, aposta na ingenuidade da plateia. O sistema é contestado no Supremo Tribunal Federal.
Em meio a esse cenário preocupante, o recomendável seria mais transparência, não menos. O governo teve tempo suficiente para fazer um planejamento sério para a Copa. Não pode agora jogar a culpa em sua própria incompetência para deixar abertos os flancos para o ataque da corrupção.


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