São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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DIPLOMA E EMPREGO

Segundo estudo realizado pela Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade do município de São Paulo, um em cada quatro brasileiros que obtiveram diploma de curso superior de 1992 a 2002 está desempregado. O levantamento partiu de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE) e abarcou a situação dos 3,3 milhões de brasileiros que se formaram no período. O estudo também detectou outra realidade: entre os que estão empregados, 8% desempenham funções para as quais o diploma não seria essencial.
A primeira constatação a ser feita, como observou o próprio secretário do Trabalho da Prefeitura de São Paulo, o economista Marcio Pochmann, responsável pelo levantamento, é que os resultados são indissociáveis do padrão medíocre de crescimento da economia brasileira nos últimos anos. A isso, deve-se acrescentar o processo de mudança tecnológica, que também tem conspirado para reduzir a oferta de trabalho, e o fato de que setores da economia hoje mais dinâmicos, como o agronegócio e a exportação de minérios, não se caracterizam por grande capacidade de absorção de mão-de-obra.
Na realidade, o estudo fornece números a uma situação que já se conhecia: o desemprego disseminou-se, atingindo tanto os setores menos escolarizados quanto aqueles que conseguem concluir cursos universitários. Com isso, não se sustenta o mito do diploma como garantia de emprego, que tem ajudado a alimentar uma verdadeira indústria de faculdades, não raro de baixa qualidade e voltadas para setores saturados, como é o caso da advocacia.
São dois, portanto, os desafios que se apresentam. O primeiro é criar as condições para a economia crescer de maneira mais vigorosa, constante e includente. O segundo é equacionar o problema educacional de modo a oferecer formação profissionalizante que prepare realmente os estudantes para o mercado de trabalho, dispensando-os de buscar diplomas de curso superior que, em muitos casos, pouco atestam em termos de formação efetiva e não garantem o emprego pretendido.

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