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CIDADE OBESA
A epidemia global de obesidade não poupa a cidade de São
Paulo. Como a maioria das metrópoles, ela oferece um ambiente extremamente favorável ao aumento de
peso: ampla oferta de alimentos calóricos, empregos tipicamente sedentários e poucas oportunidades
para a prática de exercício físico. Não
chega a surpreender, portanto, que o
problema tenha crescido acentuadamente na cidade nos últimos anos.
Pesquisa da Secretaria Estadual da
Saúde mostra que a obesidade entre
homens teve um incremento de quase 100% entre 1987 e 2001-2002. Entre
as mulheres, o aumento foi de 61%.
São dados preocupantes quando se
considera a miríade de moléstias às
quais o excesso de peso está associado: diabetes, hipertensão, doenças
cardiovasculares e até cânceres.
Para agravar ainda mais a situação,
a medicina vai descobrindo que lidar
com a obesidade é bem mais difícil
do que pode parecer. Pesquisas mostram que emagrecer é relativamente
fácil, mas a maioria dos pacientes
que se submete a um tratamento para perder peso o recupera em até um
ano após o relaxamento da terapia.
Existem também razões evolutivas
para o problema. No ambiente difícil
no qual a humanidade viveu a maior
parte de sua história, a seleção favoreceu a conservação de genes capazes de armazenar energia na forma
de gordura. As condições de vida tornaram-se mais favoráveis, mas o organismo ainda opera nos padrões
anteriores. Ele está programado para
poupar o máximo, ao passo que o
ambiente oferece muito mais calorias e induz a gastá-las em quantidades menores do que seria necessário.
Como é muito difícil transformar
tanto o ambiente como a programação genética, não se podem esperar
medidas de grande eficácia. O caminho é a ação educativa que estimule a
atividade física, alerte para os riscos
da obesidade e difunda noções de alimentação saudável. Como sabe, porém, a maioria dos médicos, esses
conselhos dificilmente serão seguidos à risca por todos.
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