São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

PT, PSDB e tendências

BRASÍLIA - Os números das eleições municipais deste ano não devem ser vistos apenas sozinhos. É necessário compará-los com os das disputas de 1996 e de 2000, pelo menos.
Como bem escreveu mestre Clóvis Rossi ontem aqui no andar de cima, o Brasil ainda está longe de um sistema bipartidário "à la EUA". Também não existe ainda uma polarização nacional entre PT e PSDB.
O que há são tendências no ar. Ainda não são cristalinas, porque a estabilidade na lei eleitoral é coisa recente. A reeleição é de 1997. Como a propaganda lulista martela que o brasileiro não desiste nunca (sic), é esperar que a repetição das disputas eleitorais com a mesma regra ajude na decantação do sistema partidário.
O fato é que as três últimas eleições municipais -de 1996, 2000 e 2004-, enfileiradas, mostram uma certa consolidação do PT e do PSDB no topo da lista de siglas mais votadas.
Os candidatos tucanos a prefeito tiveram juntos o maior número de votos em 1996 e em 2000. Neste ano, foram os petistas que ficaram com o primeiro lugar.
Ao mesmo tempo, outras três grandes agremiações encolheram. Em 1996, os candidatos a prefeito de PMDB, PFL e PP tiveram 32,6 milhões de votos. Neste ano, só 31,6 milhões. Uma queda de 3,1%. Seria pouco se não se considerasse que o número de votos válidos cresceu 28,4% nos últimos oito anos.
PMDB, PFL e PP não vão acabar nem serão engolidos por PT e PSDB. Só estão perdendo terreno lenta, contínua e gradualmente.
Ao acompanhar, por dever de ofício -nunca por prazer-, o comportamento dos partidos e dos políticos, noto que PT e PSDB têm sido as duas únicas duas siglas de grande porte que procuram dar algum tipo de organização nacional a suas ações. Para o bem e para o mal, registre-se.
Muita água rolará por baixo dessa ponte e das próximas eleições. PT e PSDB aprumaram-se. Ou os outros se ajustam, correndo, ou ficarão só no papel de coadjuvantes eternos.

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