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REAL, RECESSÃO E ELEIÇÃO
Além de registrar, entre os paulistanos, desinformação e pessimismo
em relação ao pacote econômico, a
pesquisa Datafolha publicada ontem
dá uma perspectiva do comportamento da população no período eleitoral e recessivo que se aproxima.
O grau de contentamento com o governo federal e com o Plano Real é
menor entre os de menor renda (os
que ganham menos de 10 salários
mínimos); as intenções de voto em
FHC também. O maior número de
eleitores de FHC está entre os que ganham mais de 20 salários mínimos;
são esses também os que mais aprovam o governo federal e o Real.
Existe uma certa discrepância entre
a avaliação dos mais ricos e a dos
mais pobres, mas mais significativos
são a diferença de perspectiva que os
dois grupos têm sobre o futuro do
país e os motivos pelos quais eles rejeitam o voto em FHC.
São os de maior nível de renda -os
que dão as melhores notas ao governo- os mais pessimistas sobre o futuro do consumo e o do desemprego,
embora os mais pobres não tenham
expectativa muito melhor.
É provável, pois, que a avaliação do
governo e de FHC já esteja irrealmente alta; que ela terá um baque ainda
maior assim que a recessão frustrar o
otimismo, ou ilusão, ainda restante
entre os mais pobres, a maioria.
Acrescente-se ainda que o principal
motivo que leva os entrevistados a
não votar em FHC é o desemprego.
Mas, entre os mais pobres, a falta de
trabalho é motivo de rejeição para
60%; essa taxa é de 32% entre os que
ganham mais de 20 salários mínimos. O desemprego -o próprio e o
dos outros- já é o que determina o
comportamento dos insatisfeitos.
Pode-se depreender que a estabilidade da moeda, ainda um trunfo, talvez
não consiga fazer frente aos estragos
que a recessão deve causar no mercado de trabalho, desbastando muito
do prestígio presidencial.
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