São Paulo, quinta, 13 de novembro de 1997.



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REAL, RECESSÃO E ELEIÇÃO

Além de registrar, entre os paulistanos, desinformação e pessimismo em relação ao pacote econômico, a pesquisa Datafolha publicada ontem dá uma perspectiva do comportamento da população no período eleitoral e recessivo que se aproxima.
O grau de contentamento com o governo federal e com o Plano Real é menor entre os de menor renda (os que ganham menos de 10 salários mínimos); as intenções de voto em FHC também. O maior número de eleitores de FHC está entre os que ganham mais de 20 salários mínimos; são esses também os que mais aprovam o governo federal e o Real.
Existe uma certa discrepância entre a avaliação dos mais ricos e a dos mais pobres, mas mais significativos são a diferença de perspectiva que os dois grupos têm sobre o futuro do país e os motivos pelos quais eles rejeitam o voto em FHC.
São os de maior nível de renda -os que dão as melhores notas ao governo- os mais pessimistas sobre o futuro do consumo e o do desemprego, embora os mais pobres não tenham expectativa muito melhor.
É provável, pois, que a avaliação do governo e de FHC já esteja irrealmente alta; que ela terá um baque ainda maior assim que a recessão frustrar o otimismo, ou ilusão, ainda restante entre os mais pobres, a maioria.
Acrescente-se ainda que o principal motivo que leva os entrevistados a não votar em FHC é o desemprego. Mas, entre os mais pobres, a falta de trabalho é motivo de rejeição para 60%; essa taxa é de 32% entre os que ganham mais de 20 salários mínimos. O desemprego -o próprio e o dos outros- já é o que determina o comportamento dos insatisfeitos. Pode-se depreender que a estabilidade da moeda, ainda um trunfo, talvez não consiga fazer frente aos estragos que a recessão deve causar no mercado de trabalho, desbastando muito do prestígio presidencial.



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