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MARCELO BERABA
Crime organizado
RIO DE JANEIRO -
O que caracteriza
o crime organizado não é apenas a
formação da quadrilha, seu poder de
fogo ou o tipo de crime que pratica. A
principal marca é a capacidade de
infiltração nos chamados poderes
constituídos e de corrupção da máquina pública.
A prisão, nesta semana, pela Polícia Federal, de 23 pessoas que pertenceriam à quadrilha de Leonardo
Dias Mendonça (inclusive dois advogados) e a suspeita tornada pública
de que um deputado e vários juízes
federais estariam envolvidos mostram, mais uma vez, a força do narcotráfico entre nós.
Não estamos falando do varejo desorganizado, operado pelos comandos violentos que dominam as favelas e o sistema penitenciário do Rio,
mas de gente grande. Não estamos
falando da corrupção barata e rotineira de policiais estaduais, mas da
compra de funcionários federais.
No esquema descrito pela PF, Fernandinho Beira-Mar é apenas um
distribuidor regional. Leonardo, sim,
tem as conexões de redistribuição da
cocaína para os mercados nacional e
internacional (via Suriname).
Investigações feitas pelos Estados
Unidos na Colômbia indicam que a
dupla teve papel ativo numa operação que envolveu, em uma ponta, o
esquema de contrabando de armas
do Oriente montado por Vladimiro
Montesinos, ex-assessor do ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, e, na
outra, as Farc, uma das guerrilhas de
esquerda da Colômbia. Os brasileiros
teriam financiado a compra das armas e teriam sido pagos com cocaína.
Embora a PF afirme que a quadrilha de Leonardo é a maior agindo no
Brasil, é provável que seja apenas a
mais conhecida. Apreensões importantes de drogas, como as efetuadas
nos últimos dias pela própria PF,
mostram que não apenas os esquemas são vários como são várias e desconhecidas as quadrilhas que operam de forma organizada.
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