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EMÍLIO ODEBRECHT
O desafio da expatriação
NO BRASIL , hoje, trabalhar
no exterior é uma perspectiva atraente para muita
gente. Comparando com os Estados Unidos e com países da Europa, que exportam profissionais há
mais de um século, aqui essa é uma possibilidade muito recente.
Não me refiro a pessoas que emigram para tentar uma vida melhor
fora do país. Trato aqui de quem,
integrado a uma empresa que
opera internacionalmente, tem a
oportunidade de se transferir para o exterior.
Esse movimento é um dos frutos
do processo de globalização, que
incrementou a expatriação de trabalhadores dos mais diversos níveis.
Grandes obras de engenharia são
espaços privilegiados para observá-lo. Conheço algumas em que
convivem pessoas de dezenas de
nacionalidades, falando mais de 20
línguas diferentes. É uma experiência singular e enriquecedora para quem a vive.
Mas é desafiadora também. E o principal desafio do indivíduo deve ser sair sem ter o projeto de voltar.
Trabalhar no exterior pode significar um grande salto de desenvolvimento para si e para toda a sua família. Por isso, não deve ir com a mala, mas ir de mudança.
Entretanto, a decisão pela permanência onde quer que se vá depende da sensação de segurança
que a empresa que expatria consegue transmitir e da percepção das
oportunidades que a mudança proporciona.
Entre as oportunidades está a do
crescimento profissional acelerado pelo enfrentamento de ambientes mais complexos, nos aspectos
culturais e no campo dos negócios.
Paradoxalmente, essa circunstância pode apressar o retorno dos que
se capacitaram, para que compartilhem no país de origem as novas
competências adquiridas lá fora.
A mobilidade e o domínio de línguas estrangeiras são, cada vez
mais, pré-requisitos indispensáveis em empresas de vários setores
econômicos, e essa condição deve se estender a toda a família do expatriado. Nesse sentido, é fundamental que o momento da decisão de mudar seja marcado pela predisposição dos familiares de se
adaptarem à nova realidade, visando minimizar os efeitos dos inevitáveis ajustes e gasto desnecessário
de energia -porque, se haverá perdas, os ganhos podem ser compensadores também para os acompanhantes.
Esposa, marido e/ou filhos têm a
chance de estudar e de conviver em
ambientes de rica diversidade cultural, aprendem a falar outros idiomas, a valorizar o novo e a conviver
com hábitos que desconheciam e
adquirem capacidade de se integrar e modo de pensar que ultrapassa fronteiras -qualidades hoje
altamente valorizadas em todos os campos da atividade humana.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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