São Paulo, domingo, 14 de março de 2010

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EMÍLIO ODEBRECHT

Planejando a vida

HOJE, O CONCEITO de aposentadoria, embora ainda enraizado em nossa sociedade, já não remete às ideias de inércia e indolência. Há muitos aposentados que continuam trabalhando. Alguns por necessidade e outros pelo prazer de exercer suas profissões. Há também os que desenvolvem habilidades e adquirem qualificações que não tinham para que possam contribuir mais com suas comunidades e com o país.
Defendo a permanência na ativa, pois o trabalho é um dos pilares da saúde física e emocional da pessoa. Sem ocupação física e mental, o edifício da vida corre o risco de ruir. Mas a terceira idade, com toda sua complexidade, é um período da vida para o qual a preparação deve começar já na primeira.
A vida produtiva tem três momentos distintos. No primeiro, somos jovens, cheios de ímpeto, mas carecemos de domínio sobre o que optamos por fazer. É um tempo de consolidação do que se aprendeu até então e de confronto com a realidade.
Nessa época, o que nos move é o desejo de realização pessoal, profissional e econômica. No segundo, por força da prática, atinge-se a plenitude da capacidade produtiva. O profissional gera resultados, educa os mais novos e, no convívio com os mais velhos, continua se instruindo e absorvendo sabedoria.
Por fim, chega-se ao terceiro tempo. É a hora de merecer o reconhecimento pelo labor e pela conduta. É, também, a fase da retribuição, que consiste em repassar à próxima geração os conhecimentos acumulados até então. É esse o melhor modo de lidar com o passar dos anos: trabalhando e ensinando, pelo fazer e pelo exemplo.
Chegar bem à terceira idade é resultado de conquista, não de sorte. Aliás, quanto mais trabalho, mais tenho sorte. O indivíduo que planejar esse momento com antecedência poderá vivê-lo realizado como cidadão e como profissional e senhor de patrimônio material e moral que garanta a si e à sua família segurança e conforto.
A vida das pessoas está ficando cada vez mais longa. Isso reforça a responsabilidade que cada um de nós tem de tomar as providências para manter-se saudável, lúcido e produtivo, de modo que, ao atingir a terceira idade, não se torne um velho, torne-se apenas um idoso.
Nas empresas, quem pretende permanecer ativo e útil até o fim da vida não deve fazê-lo como executivo nem concorrer com a geração que sucedeu a sua. Deve, sim, continuar presente, servindo de referência e guia para os jovens que, como ele, estejam comprometidos em construir valores intangíveis que melhorem o planeta, o país e a vida de cada ser humano.

EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.



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