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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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CORTAR OS JUROS

A cotação do dólar caiu 19% desde o final de fevereiro. A demanda doméstica está muito fraca, e a inflação, em franca desaceleração. Os sinais de que está mais do que na hora de o Banco Central (BC) começar a reduzir a taxa de juros básica se multiplicam e se aprofundam.
Em grande medida, a queda do dólar está sendo alimentada por fortes entradas de capitais de curto prazo (o chamado "hot money"). Esses capitais afluem ao país para usufruir da excepcional remuneração propiciada pela taxa de juros básica, que se encontra em nível 20 vezes mais alto do que o praticado nos EUA e dez vezes superior ao vigente na Europa.
Cresce a preocupação de que a revalorização do real -cômoda a curto prazo, por ajudar a conter a inflação- prejudique, mais à frente, a capacidade do país de continuar a gerar grandes saldos positivos na balança comercial. Cortar os juros seria uma maneira de dosar as entradas de "hot money" e, portanto, de conter a revalorização do real.
Muitos avaliam que a atividade econômica já passou da estagnação à retração. Os custos financeiros que sufocam a atividade produtiva vão muito além dos 26,5% ao ano da taxa de juros básica. Segundo o BC, em março o custo do crédito ofertado pelos bancos às empresas se situou em média em 37,9% ao ano; no caso das pessoas físicas, esse custo era extremamente mais alto: 87,3% ao ano.
Reduzir a taxa de juros básica evidentemente é um requisito para que o custo do crédito possa transitar do seu atual nível, insuportável, para um patamar compatível com a retomada da demanda interna.
A inflação está retrocedendo nitidamente. Não há evidências de reindexação de salários -o que não surpreende, dado o nível muito alto do desemprego. É crescente a confiança na perspectiva, tranquilizadora, de que a inflação voltará a ficar abaixo de 10% em 2004.
Em suma, nada justifica que o BC, em sua reunião do próximo dia 21, deixe de cortar os juros.


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