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CLÓVIS ROSSI
Montanha-russa
VIENA - Política, pelo menos a brasileira, virou montanha-russa para o
presidente brasileiro Luiz Inácio Lula
da Silva. Num dia, fica lá em baixo,
pisoteado até por Evo Morales, presidente do mais pobre país da América
do Sul, a Bolívia. No dia seguinte, dá
um suspiro de alívio, quando Morales se retrata de A a Z.
Mas é só amanhecer um novo dia
para a montanha-russa subir e descer violentamente. Subiu, a favor de
Lula, quando Morales, ao sair de um
encontro com o presidente brasileiro,
completou a sua retirada desorganizada anunciando até que vai jogar
futebol com Lula em iminente visita
ao Brasil.
Mas, minutos depois, o carro da
montanha-russa desceu em alta velocidade, empurrado pelo noticiário da
revista "Veja" a respeito de supostos
depósitos no exterior em contas não
só do presidente mas de auxiliares e
ex-auxiliares que são ou foram grife
da gestão Lula.
Pode ser tudo uma invenção de Daniel Dantas, a fonte da reportagem,
querendo vingar-se de Lula porque,
conforme a Folha informara dias
atrás, o presidente, em pessoa, investiu contra o Opportunity de Dantas
na disputa pela Brasil Telecom.
Ao contrário do mensalão e dos dólares na cueca, fáceis de entender e
até de representar graficamente, o
caso Opportunity e, agora, os supostos depósitos são, ao mesmo tempo,
difíceis de explicar e quase impossíveis de desmentir, no segundo caso.
Cai-se na mesma situação de que se
queixou o então presidente Fernando
Henrique Cardoso quando surgiu a
história da conta dele e de outros três
graduados tucanos em Cayman.
FHC dizia, com razão, que pode ser
fácil demonstrar que alguém tem
uma conta em tal ou qual lugar porque há um papel a esse respeito. Mas
não há papel que diga que alguém
NÃO tem conta aqui ou ali.
Lula, que não quis, como candidato, explorar o caso Cayman (não
acreditou na papelada), se vê agora
obrigado a explicar situação similar.
A montanha-russa é implacável.
@ - crossi@uol.com.br
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