São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Costumes arcaicos
"Está na hora de mudar alguns costumes arcaicos da política brasileira. A iniciativa do senador Suplicy de solicitar a presença do presidente Lula no Senado para prestar esclarecimentos a respeito do últimos acontecimentos é mais do que natural nas democracias maduras. Há países em que isso ocorre normalmente, uma vez por mês ou com maior frequência, dependendo da situação conjuntural. Há exemplos na Espanha, na Inglaterra, na Alemanha... Parabéns ao senador Suplicy. Hoje, ele está sendo criticado dentro do próprio partido e mo governo, mas no futuro será lembrado como exemplo de princípios democráticos extrapartidários."
José Carlos Squirra (Madri, Espanha)

Lula
"O presidente Lula adota procedimentos estranhos. Quando o momento recomenda o silêncio ele fala pelos cotovelos. Quando se faz necessário um pronunciamento, opta pelo mutismo. Por ocasião do escândalo do mensalão, o máximo que disse foi que caixa-dois é prática normal no país e que os companheiros de governo e de partido cometeram erros apenas, e não crimes, diferentemente do que entendeu o procurador-geral da República. No mais, simplesmente repete que nada viu, nada ouviu, nada sabe. Agora, no episódio da nacionalização das reservas de gás na Bolívia, mostrou-se inteiramente solidário com Morales, participando inclusive, e sabe-se lá por que, de uma reunião com outros presidentes sul-americanos onde estava nítidamente deslocado. Por fim, quando o presidente boliviano desferiu um festival de bordoadas na Petrobras e no Brasil, manteve o silêncio. Afinal, o que se passa com o presidente Lula?"
Rodrigo Odilon dos Anjos (Brasília, DF)

Críticas
"Se a CNBB tivesse elaborado um documento que analisasse as questões sociais, a Folha teria colocado o assunto em manchete na capa, destacando algo do gênero: "CNBB critica política social de Lula". Ao divulgar documento de grande importância sobre o posicionamento da mídia quanto ao alinhamento com setores do conservadorismo ("Mídia se alinha a conservadores, diz CNBB", Brasil, 13/5), a Folha publica o assunto numa notinha escondida na página 9, valendo-se da vinheta "Religião". Como diz o José Simão: "É mole?".
Cesar Luiz da Silva Pereira (Curitiba, PR)

Bolívia
"Já que o Brasil não tem presidente nem Congresso dignos que nos defendam, sugiro um boicote ao gás boliviano, pois, se somos "contrabandista e ladrões", como teria dito o presidente "cocalero" Evo Morales, acho que não servimos para comprar gás da Bolívia. Quem sabe quando eles estiverem entupidos com o gás que o Brasil não comprou, e o preço estiver lá em baixo, ele aprenda que existem outras formas de negociar. Boicote neles já!"
Marcelo Ceron (Rio Claro, SP)

Violência contra policiais
"E mais dois policiais foram alvejados e mortos por traficantes na Cidade de Deus. Só neste ano, 13 chefes de família tombaram em confronto com esses covardes bandidos. Quando um policial está trocando tiros e correndo risco de vida nas ruas e favelas de nossa cidade, não aparece nenhum fotógrafo para registrar as tristes imagens de um policial agonizando. A grande imprensa só publica cenas de policial agredindo os "coitadinhos" assaltantes. Na minha opinião, chutá-los é muito pouco perto do que fazem com os cidadãos de bem. Vamos parar com essa hipocrisia. Bandido tem que ser tratado como bandido. Não podemos inverter valores. Será que já não basta termos as comissões de direitos humanos contra nós em defesa da bandidagem? Se a imprensa também se colocar a favor dos bandidos, aí sim, estaremos completamente dominados por eles."
Deborah Farah (Rio de Janeiro, RJ)

Sacolejo
"Imagino a cara daquela pessoa que, sacolejando num ônibus mal conservado, lesse a coluna de Eliane Cantanhêde de 11/5 ("Ruim com ela, pior sem ela", Opinião, pág. A2). Parece que os problemas enfrentados pelos brasileiros dos andares de cima são bem diferentes daqueles enfrentados pelos do andar de baixo. Por isso vai ser muito difícil que os chamados "formadores de opinião" que vivem no mundo dos aeroportos e corredores do Congresso compreendam o apoio popular a Lula e insistam em atribuí-lo apenas à "ignorância" do povão. Está faltando mais Chicos Buarques neste Brasil."
Carlos Bocchi (São Paulo, SP)

Champs-Elysées marginal
"Ótima crítica fez o senhor André Corrêa do Lago sobre os edificios neoclássicos na entrevista "Mundo reconhece modernismo brasileiro", diz membro do MoMA" (Ilustrada, 10/5). Não é possível que, em nome de uma pequena burguesia que deseja ter seu "pedacinho de Champs-Elysées" em plena marginal, estejamos permitindo a construção dessas atrocidades definitivas na paisagem da cidade. Para frear essa máquina de mau gosto, vejo só dois caminhos: ou o IAB/CREA/ prefeitura constituem um mecanismo para o controle da qualidade estético-arquitetônica de novas construções, ao modelo bem-sucedido de outras cidades, ou as construtoras que investem nos "neo-xis-tudo" se sensibilizam da sua responsabilidade e da inconsequência que estão cometendo -de que esses "pasticcios" greco-afrancesados são erros primários, como disse Corrêa do Lago, de que não estamos em Paris e de que essas aberrações enfeiam a cidade. Esta reportagem é, sem dúvida, um primeiro passo no caminho do bem. Se Mônica Bergamo soltasse em sua coluna uma nota dizendo que os "neo-xis-tudo" estão fora de moda, que já eram, que são "caidinhos", o problema estaria resolvido na manhã seguinte."
Juan Pablo Rosenberg, arquiteto (São Paulo, SP)

Congresso
"A charge da Folha de 12/5 (Opinião, pág. A2) reflete, com perfeição, a opinião pública sobre a Câmara dos Deputados, mas é injusta porque comete a imprudência da generalização, omitindo a chance de recuperação do processo de deteriorização da nossa incipiente democracia. É preciso identificar e dar oportunidade aos bons deputados (que existem) para cumprirem o seu papel moralizador e modernizador do Congresso por meio de mudanças radicais como: redução pela metade do número de deputados; término do Colégio de Líderes; fim das medidas provisórias; agilização e transparência do funcionamento da Câmara (mudando radicalmente o seu regimento interno); fim do mandato imperativo; elaboração de reforma política que garanta a fidelidade dos partidos aos seus princípios e dos eleitos aos seus partidos. Para isso é fundamental eleger, agora, um Congresso com poderes de mudar o Congresso. Uma crise tem sempre duas faces: a do risco e a da oportunidade. Usando o brilhante raciocínio do professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite na mesma edição ("Tendências/Debates", pág. A3), podemos dizer que a crise e a revolta social podem, por meio da reforma institucional, superar os interesses mais primitivos do nosso "gene egoísta".
José Aristodemo Pinotti, deputado federal pelo PFL-SP (Brasília, SP)

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