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CARLOS HEITOR CONY
O passado de cada um
RIO DE JANEIRO - Volta e meia,
o passado do papa atual, o alemão
Joseph Ratzinger, é mencionado na
mídia como o de um ex-integrante
da Juventude Hitlerista. Antes
mesmo de se tornar Bento 16, o detalhe de sua biografia já era lembrado por aqueles que não apreciavam
as suas posições conservadoras.
Em primeiro lugar, nem todo
conservador é necessariamente nazista, nem mesmo de direita. Há esquerdistas militantes que são mais
conservadores, reagindo com histeria a qualquer tentativa de alterar o
status quo de sua linha ideológica.
Em segundo lugar, na Alemanha
dos anos 30, os jovens eram compulsoriamente obrigados a se filiar
em organizações do Estado manipuladas pelo partido único, que era
o nazista. Não significava uma adesão da juventude à política dominante. Artistas e intelectuais importantes, que nada tinham com o
nazismo, eram obrigados a ter a
carteirinha do partido para exercerem suas atividades, casos de Herbert Von Karajan e de Martin Heiddeger, para citar apenas dois exemplos notórios.
Na Itália de Mussolini, no mesmo
período, os jovens em fase escolar
eram forçados a se transformarem
em "balillas", vestiam uniformes e
participavam dos rituais. Fellini, de
Sicca, Monicelli, Mastroianni, Rosselini, Pasolini (este último era comunista de carteirinha) foram "balillas" não por opção pessoal, mas
por imposição do Estado fascista.
Na recente visita que o papa fez a
Israel, o fato foi novamente lembrado por alguns líderes israelenses.
Um recurso vulgar para desqualificar a mensagem de paz que Bento
16 foi levar a dois povos em conflito.
PS - Como era de praxe no desfile
dos antigos blocos carnavalescos, o
cronista saúda as autoridades, os
rapazes da imprensa e o povo em
geral, pedindo passagem para sair
de férias.
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