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CLÓVIS ROSSI
Algumas singelas dúvidas
SÃO PAULO - Diz o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva que, ao pedir a quebra de sigilos telefônicos
no escândalo da vez, a Polícia Federal "se prepara para encontrar um
cardume de pintados". Mais: "O Vavá, nessa história, me parece mais
um lambari que foi pego". Vavá é
Genival Inácio da Silva, o irmão
mais velho do presidente.
Quatro dúvidas, a saber:
1 - Quem contou a Lula que as escutas vão pegar apenas "pintados"
ou "lambaris"? A Polícia Federal
antecipa ao presidente detalhes de
suas investigações?
Tudo bem que o ministro da Justiça, Tarso Genro, diga que "o presidente da República tem que ser informado pelos ministros de tudo
que é importante".
É verdade, mas não seria ainda
mais certo que o país fosse igualmente informado de tudo o que é
importante e nele ocorre? Não seria
mais republicano?
2 - Quando o presidente diz que
vão pegar "pintados", transmite a
sensação de que "lambaris" não
precisam ser apanhados. Ou, quando apanhados, merecem mil anos
de perdão e tolerância.
Tolerância aliás claramente revelada naquela frase famosa segundo
a qual todo mundo faz caixa dois,
minimizando o crime de que eram
réus confessos alguns petistas bastante "pintados".
3 - Se, como diz Tarso Genro, os
ministros têm que informar ao presidente de tudo o que é importante,
por que ninguém contou a ele de escândalos como o do mensalão, para
ficar num só exemplo?
4 - Se a Polícia Federal é tão brilhante no seu desempenho durante
o governo Lula, por que o presidente diz, agora, que se devem à "briga
política" os vazamentos para os jornais de informações sobre a Operação Xeque-Mate?
Não caberia ao ministro responsável pela PF, de novo Tarso Genro,
impedir a "briga política" e informar ao presidente e ao país quem
briga com quem e por quê?
crossi@uol.com.br
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