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EMÍLIO ODEBRECHT
Procuram-se
líderes
O BRASIL viveu nos últimos
15 anos um período de progresso. Faço esta afirmação
com tranquilidade, convicto de que
o nosso desenvolvimento pode ser
medido pelas importantes transformações ocorridas na economia,
na política, no domínio do conhecimento e na sociedade como um
todo. Mas continuamos distantes
da realização possível de nosso
potencial.
Dentre os setores onde carências
importantes continuam evidentes,
destaco a máquina pública, que
precisa ser aperfeiçoada.
É imperioso reconhecermos que
nas últimas duas décadas a gestão
estatal no país evoluiu. Mas faltam
ao Estado brasileiro práticas de
boa governança, tão comuns na iniciativa privada.
Um Estado gerencialmente frágil não será capaz de autorreformar-se para atender às demandas
cada vez mais complexas que o
mundo impõe a quem almeja
exercer papel relevante entre as
nações.
Ocorre que a ausência das reformas necessárias pode transformar-se em poderoso obstáculo na
caminhada rumo ao futuro.
Para melhorarmos, estou certo
de que precisamos que os melhores
dentre nós ajudem nas diversas esferas de governo, porque uma nação só avança se os seus filhos mais
brilhantes se dispuserem a liderá-la. E há uma forma de contribuição
que está além da política.
Penso na possibilidade de profissionais maduros, que já deixaram a
iniciativa privada, atuarem no setor público, capacitando pessoas e
equipes, inserindo novas tecnologias, estabelecendo elevados padrões de atendimento à população.
Já temos alguns exemplos, raros,
mas importantes.
Como fruto de uma ação estruturada, empresários e executivos
bem-sucedidos que chegaram à
terceira idade podem contribuir
com governos, sem necessariamente terem "cargos" para isso.
Sabem planejar para o longo prazo
e podem levar para o serviço público uma visão de geração, que transcende a próxima eleição. Aprenderam a atuar na linha que liga o acionista ao cliente -figuras que, no
âmbito da sociedade, se fundem no
cidadão pagador de impostos, que
exerce, de fato e de direito, os dois
papéis, e podem influenciar na
educação dos jovens que optaram
pela carreira no serviço público.
Indiretamente, estariam contribuindo com suas empresas de origem, hoje lideradas por seus sucessores, que, tendo assumido de direito e de fato a responsabilidade
pelas decisões da organização empresarial, passariam a contar com
uma administração pública à altura dos desafios do Brasil, cujo
crescimento está atrelado ao crescimento e ao desenvolvimento da
sociedade e dos seus agentes
produtivos.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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