São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

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PAINEL DO LEITOR

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Greve na USP
"Concordo totalmente com as opiniões do grande professor Dalmo Dallari ("Para o professor Dalmo Dallari, é um radicalismo fora de moda", Cotidiano, 12/6).
Essa meninada da USP não tem a menor ideia do que é uma polícia arbitrária, que, em 1975/76, ficava na porta da São Francisco fazendo corredor polonês para os estudantes que protestavam não pela readmissão de um funcionário demitido, mas contra a extrema ditadura que reinava na época e pelo direito de viver em uma democracia. E conseguimos.
E não me lembro de ter havido a quebra de nem um palito sequer do patrimônio da nossa Universidade de São Paulo. É que nós precisávamos daquele patrimônio e o respeitávamos.
Acho que esse pessoal tem muito a aprender antes de tomar as tolas e irresponsáveis atitudes truculentas que vêm tomando e que só servem para desmerecer os que, realmente, merecem ter a USP como um dos melhores centros de educação do país -e, diga-se de passagem, gratuito."
CARLOS AUGUSTO PEREIRA LIMA (Mococa, SP)

 

"Quero deixar claro que eu não era favorável à greve dos estudantes, conforme vinha sendo proposto por alguns militantes, até o dia em que a Polícia Militar voltou, depois de 30 anos, a ocupar a universidade maciçamente.
O artigo da reitora Suely Vilela ("Conflitos na USP: nem tudo são flores", "Tendências/Debates", 11/6), faz referência a "minorias radicais" que querem fazer a USP refém de suas práticas autoritárias.
Não nego a existência dessas minorias, nem escondo meu descontentamento com suas práticas, mas acho importante que se diga que a polícia não reagiu apenas sobre as minorias radicais, e isso mostra a absoluta ignorância da reitora e do governador, que a nomeou e agora diz que não houve excessos da polícia em relação ao que se passou no campus na tarde de terça-feira.
Inúmeros colegas meus foram agredidos pela polícia sem reagir ou provocar, e uma comissão de professores que se dirigia ao comandante da operação para negociar foi recebida com bombas de "efeito moral".
Eu mesmo me vi fugindo de bombas de gás lacrimogêneo durante o ápice das agressões sem nem sequer estar na multidão que participava do confronto.
Como bem escreveu o professor Vladimir Safatle em seu artigo de sexta-feira ("A universidade não é caso de polícia", "Tendências/Debates'), a reitora deveria levar em consideração o despreparo e a truculência dos policiais antes de colocá-los na universidade."
HENRIQUE MOGADOURO DA CUNHA , aluno de ciências sociais na FFLCH-USP (São Paulo, SP)

 

"O artigo da reitora Suely Vilela omite as consequências de suas escolhas e incompetências. Ela apenas tergiversa. Foge do que é central e dramático: tudo aquilo era desnecessário. Tudo aquilo poderia ter sido evitado caso ela se portasse como deve se portar um reitor: negociando, negociando, negociando e negociando.
Um reitor que chama a Tropa de Choque para negociar em seu lugar com professores, alunos e funcionários não é um reitor. Quando professores foram à reitoria pedir que aquela intransigência irresponsável acabasse, a reitora sumiu e mandou em seu lugar o vice-reitor, do mesmo modo que se recusou a falar com a Folha durante todo o período. Ela mesma se demitiu do cargo, entregou sua legitimidade ao vice."
FRANCISCO ALAMBERT , professor do Departamento de História da USP (São Paulo, SP)

 

"A professora Suely Vilela fala como se alguém quisesse que a USP fosse uma espécie de "território sem lei", quando o que se reivindica é o respeito ao princípio constitucionalmente garantido da gestão democrática do ensino público.
Ao afirmar que a presença da PM no campus é condição necessária para o bom funcionamento da universidade, a reitora faz uma confissão tácita de sua incapacidade - se não de seu desinteresse - de garantir que a resolução de questões acadêmicas e de conflitos trabalhistas se dê por meio do diálogo e dos demais mecanismos democráticos existentes."
DARIO DE NEGREIROS , aluno de filosofia na USP (São Paulo, SP)

 

"Clóvis Rossi me decepcionou ("Quando a polícia é compreendida", Opinião, ontem).
A função de um articulista, dono de espaço prestigiado na imprensa, é no mínimo pesquisar para poder emitir opinião, e não ficar tendo ataques saudosistas e discorrendo sobre um assunto atual preso a memórias particulares. Bastava pesquisar na tão democrática internet para por lá saber, através de tantas comunidades e fóruns estudantis, por que a maioria da juventude que realmente estuda na USP não apoia algo produzido por meia dúzia de funcionários com claro interesse eleitoral.
O mundo hoje é outro, e os estudantes pesquisam, conversam e protestam em rede antes de se deixarem levar por pregadores ideológicos profissionais."
JORGE HENRIQUE SINGH (São Paulo, SP)

 

"Clóvis Rossi, referindo-se aos mestres e estudantes, lembra-nos de nossa atual apatia política.
É atitude própria do individualismo, segundo o qual, sábio é aquele que cuida do próprio particular. E quem se ocupa da política é alguém que dela tira proveito, pois os homens movem-se apenas porque têm interesses, maiores ou menores. Viver a própria vida enquanto uns "chatos" reivindicam sei lá o que pode estar refletindo em nossa própria passividade perante as irregularidades do Congresso."
CASSIANO BARBOSA (Marabá, PA)

Fonte Nova
"A coluna de Juca Kfouri de quinta-feira ("Parece que foi amanhã", Esporte) é um toque de lucidez em meio à euforia caipira que toma conta do país em relação à Copa do Mundo de 2014.
No país do futebol, coalhado de estádios de todos os tamanhos e de alcunhas aumentativas, não dá para acreditar que se vá gastar fortunas em estádios novos.
A consagração desse absurdo é a destruição -em nome de um evento de um mês de duração e de uma dúzia de jogos, se tanto- do Estádio da Fonte Nova, em Salvador.
O estádio, projetado pelo arquiteto Diógenes Rebouças, é um dos marcos da arquitetura modernista na capital baiana e patrimônio arquitetônico do Brasil. Sua demolição será não apenas um crime do ponto de vista histórico mas uma tragédia do ponto de vista cultural, disseminando a ideia de que a memória de uma cidade é algo dispensável em nome de um duvidosíssimo "progresso"."
JAYME SERVA (São Paulo, SP)

Carne na Amazônia
"Merecem parabéns Wal-Mart, Carrefour e Pão de Açúcar por vetarem o comércio de produtos provenientes de agropecuária predatória ("Varejo suspende compra de carne de áreas devastadas", Dinheiro, 12/6). E, se é verdade que os produtores, como alegam os frigoríficos, contam com licenciamento do Ibama, que essa carne seja servida exclusivamente em Brasília, onde a autofagia é premiada além de licenciada."
CRISTINA CARLETTI (São Paulo, SP)

Devastador
"Legalização da grilagem na Amazônia, simplificação na concessão de licenças ambientais para obras de recuperação de estradas e aeroportos, liberação para a destruição de 70% da cavernas brasileiras e outras dezenas de "medidas provisórias" que flexibilizam as leis de proteção ambiental -duras conquistas da sociedade civil- farão com que o presidente Lula seja lembrado no futuro não como o mais popular presidente brasileiro no mundo, mais como o presidente que mais contribuiu para a devastação do patrimônio ambiental brasileiro."
MARCIA CORREA (Campinas, SP)

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