SÃO PAULO - O trem da linha esmeralda chegou rápido. Era ok, novo, refrigerado. Fiquei poucos minutos na plataforma, também decente, não fosse o mau cheiro do rio Pinheiros. Da estação Cidade Universitária, meu objetivo era chegar sobre trilhos à de Santa Cecília.
Deveria, então, saltar na Presidente Altino, pegar outro comboio e seguir até a Palmeiras-Barra Funda para alcançar, enfim, a linha vermelha do Metrô.
Parece um pouco confuso? Parece. E é. Foram duas conexões e dez estações, sem contar o itinerário até a Cidade Universitária, que fiz de táxi (R$ 10). O trem da linha diamante demorou e, ao contrário do anterior, era velho e ruim. Suave depressão. Paciência. Ao final do trajeto, uma hora de viagem.
Foi a segunda chance que dei à cidade de me convencer a deixar o carro em casa e ir ao trabalho via transporte metropolitano.
A outra foi pegar o metrô na estação Vila Madalena, dali seguir até Paraíso, depois Sé e, enfim, Santa Cecília. É um percurso torto, burro e populoso, mas, por ser metrô, consome menos tempo.
O Plano de Expansão está melhorando a vida de quem se locomove pela rede pública, mas mesmo assim São Paulo precisa de mais e mais investimentos para não continuar tão longe do padrão das grandes cidades globais.
Ontem, o dia acordou frio e chuvoso. Lembrou-me Milão, onde morei há 20 anos. Costumava ir de "tram" ou metrô ao centro. Servi uma xícara de café, abri o jornal e estava lá: "Avenida Sena Madureira terá até 2012 túnel de R$ 219 mi".
O investimento equivale a 20 km de corredores de ônibus. É obra para inaugurar em ano eleitoral. O preço ficou 48% acima da estimativa divulgada pelo prefeito Gilberto Kassab dois anos atrás. Os túneis faziam parte de uma lista de obras sugerida pelo sindicato das empreiteiras aos candidatos, em 2008.
Então tá. Chega de viagem. Bom mesmo é ter um Land Rover.


Texto Anterior: Editoriais: ECA, 20 anos

Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Jogo aberto
Índice